Acesso em 17 de junho de 2010.
QUANDO ENSINO VIRA MENTIRA
Janer Cristaldo
Leio no Estadão que crianças da Escola Suíço-Brasileira fazem lanche
comunitário com alimentos ligados à cultura indígena. Cocares, chocalhos,
sementes e cantos indígenas estão se misturando aos livros e cadernos dos
alunos nas aulas. Tudo isso para cumprir a lei que exige o estudo da
história e cultura afro-brasileira e indígena, que passou a vigorar em
2008.
Com a proposta de atrair a atenção dos alunos para a importância histórica
dos índios e dos negros, as aulas exploram múltiplos recursos. Na Escola
Suíço-Brasileira, na zona sul de São Paulo, os alunos do 1.º ano do
fundamental vivenciam o dia a dia dos índios em cabanas de pano e um
banquete com alimentos típicos. "Eles aprendem até as formas de comer e de
sentar dos indígenas", afirma a professora Vera Povoa.
É de perguntar-se se neste magistério, além de cocares, chocalhos, sementes
e cantos indígenas, os professores falam nas práticas de canibalismo dos
índios brasileiros, relatadas por Hans Staden. Se, ao abordar as formas de
comer dos indígenas, os professores citam o bispo Sardinha, que foi
degustado pelos caetés.
Para ambientar os alunos – diz a reportagem - algumas escolas utilizam desde
vídeos - o que inclui até mesmo uma espécie de reality show do cotidiano de
uma aldeia, filmado pelos próprios índios - até excursões para museus e
comunidades indígenas, onde as crianças aprendem a usar arco e flecha.
Falta saber se os professores contam que, no cotidiano de uma aldeia, existe
o direito de matar filhos de mães solteiras e os recém-nascidos portadores
de deficiências físicas ou mentais. Gêmeos também podem ser sacrificados.
Algumas etnias acreditam que um representa o bem e o outro o mal e, assim,
por não saber quem é quem, eliminam os dois.
Outras crêem que só os bichos podem ter mais de um filho de uma só vez. Há
motivos mais fúteis, como casos de índios que mataram os que nasceram com
simples manchas na pele – essas crianças, segundo eles, podem trazer
maldição à tribo. Os rituais de execução consistem em enterrar vivos, afogar
ou enforcar os bebês. Geralmente é a própria mãe quem deve executar a
criança, embora haja casos em que pode ser auxiliada pelo pajé.
A prática do infanticídio já foi detectada em pelo menos 13 etnias, como os
ianomâmis, os tapirapés e os madihas. Só os ianomâmis, em 2004, mataram 98
crianças. Os kamaiurás matam entre 20 e 30 por ano. Sob o olhar complacente
dos antrópologos e indigenistas. A tradição deve ser respeitada. Informarão
as escolas aos alunos estas práticas tradicionais dos silvícolas?
“O interesse despertado nas crianças é notável, principalmente quando elas
percebem a influência que as raízes indígenas e afro-americanas têm em suas
vidas – diz a reportagem -. Os alunos percebem que nos nossos hábitos há
muitas referências culturais, como dormir em rede, comer farinha de mandioca
e assar peixe na brasa, por exemplo", afirma a coordenadora pedagógica da
Escola Cidade Jardim Play Pen, Gabriela Argolo.
Seria interessante saber se os professores contam aos alunos que Zumbi, o
novel herói da libertação dos negros, se lutava contra a escravidão, também
tinha escravos. Se ensinam que, se os brancos europeus compravam escravos,
quem os vendia eram os chefes tribais negros africanos aliados aos
portugueses, que enriqueceram com a venda de seus irmãos.
Se os professores não ensinam estas verdades históricas, os estudos afros
ficam incompletos. Outra pergunta a se fazer é quando as escolas terão
disciplinas que ensinem nossas origens greco-hebraico-romanas e européias.
Comentei há alguns anos a história de uma sobrinha, a quem apresentei a
estátua do Quixote e Sancho Pança na Plaza España, em Madri. Ela tinha
formação universitária e jamais ouvira falar destes dois. As novas gerações,
ao que tudo indica, continuarão sem saber quem é Cervantes. Mas saberão como
comiam ou dormiam os bugres. Saber que, cá entre nós, não passa de mera
curiosidade histórica que nada nos acrescenta.
A organização social do Brasil, nossas instituições, nosso ensino e nossa
cultura são européias, antes de serem africanas ou indígenas. Derivamos
muito mais de Platão e Aristóteles, Kant ou Descartes, Montesquieu ou
Montagne, do que de culturas ágrafas africanas ou nativas. O índio ou o
africano em pouco ou nada contribuíram para formatar o Brasil como hoje é.
Não fossem os portugueses, os habitantes de Pindorama ainda hoje viveriam da
caça e coleta.
Índio não construiu nada. E negros, muito pouco. A pedagogia oficial,
fundamentada em leis de cunho racista, está pretendendo inverter a história
do país, atribuindo méritos a quem não os tem. Crianças adoram brincar em
cabanas de pano, mas a cultura indígena jamais produziu pano. Pano é coisa
de branco, que foi imposto pela Igreja aos índios para cobrirem suas
vergonhas. Culinária indígena soa simpático, mas sempre é bom lembrar que
esta culinária, entre seus acepipes, incluía carne de brancos.
O ensino está virando uma imensa mentira no Brasil. A serviço das viúvas do
Kremlin, que querem negar o legado europeu que formou o país. Não será fácil
reverter este embuste.