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distribuído durante o Curso
1 INTRODUÇÃO "Confinamento" é o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos. É mais propriamente utilizado para a terminação de bovinos, que é a fase da produção que imediatamente antecede o abate do animal, ou seja, envolve o acabamento da carcaça que será comercializada. A qualidade da carcaça produzida no confinamento é dependente de um bom desempenho obtido na fase de cria e recria. Bons produtos de confinamento são obtidos a partir de animais sadios, fortes, com ossatura robusta, bom desenvolvimento muscular (quantidade de carne) e gordura suficiente para dar sabor à carne e proporcionar boa cobertura da carcaça. No Brasil, o confinamento é, como regra, conduzido durante a época seca do ano, por ser o período de escassez de forragem para pastejo. A terminação em confinamento depende de: fonte de animais para terminação; fonte de alimentos e preços e mercado para o gado confinado. A partir disso, podem ser enumeradas como condições básicas para a adoção do sistema de engorda em confinamento a disponibilidade de animais com potencial para ganho de peso; a disponibilidade de alimentos em quantidade e proporções adequadas e gerência (planejamento e controle). Qualquer uma dessas condições
quando não atendida provocará prejuízos ao produtor.
2 LOCALIZAÇÃO E INFRA-ESTRUTURA Uma vez que grande parte dos custos da engorda em confinamento é referente à alimentação, é importante que este esteja localizado em área ou região onde a alimentação esteja disponível com fartura, especialmente quando o proprietário depende da aquisição de alimentos. A facilidade para aquisição e venda de animais é outro fator a ser considerado na escolha do local para o confinamento. Dentro da propriedade rural, a área para a instalação da engorda confinada deve ser retirada, evitando áreas vizinhas a rodovias ou com grande movimentação. Isso evita contaminações, furtos e estresse nos animais. Fontes de água farta e limpa e de energia elétrica também devem ser consideradas na escolha do local. Na confecção do projeto para locação do confinamento é recomendável que as instalações sejam planejadas de forma ampla e global. A construção ou implementação poderá ser feita em módulos ou etapas, mas é interessante que desde o início sejam previstas todas as áreas e possíveis ampliações, em qualquer dos setores. Áreas muito planas e declives em excesso devem ser evitados, assim como a proximidade a córregos e rios, que podem ser contaminados com dejetos do confinamento, e áreas com ventos canalizados, pois, no caso de haver vilas ou cidades próximas, seus habitantes poderão ser molestados pelo odor dos animais e das fezes. O projeto global para o confinamento deve incluir um centro de manejo dos animais, área para produção e preparo dos alimentos, área para os currais de engorda e instalações de gerência. Na área dos currais de engorda, o projeto deve prever estruturas para coleta de fezes e urina (canais de drenagem, tanques de sedimentação etc.), para o controle da poluição. Na área de plantio de alimentos, prever estruturas de conservação do solo e da água, como curvas de nível e terraços, importantes para o manejo e conservação do solo. O centro de manejo destina-se à recepção e preparo dos animais que entrarão no confinamento. Deve ter curral com brete, balança e apartador; piquetes de espera e pousio com água e piquetes-enfermaria. Servirá ainda para vacinações, pesagens intermediárias e final e embarque do gado para abate. A área de alimentação inclui locais para produção de alimentos (milho, capineiras, lavouras), para armazenamento e conservação (sacaria, fenos, silos graneleiros e forrageiros), para preparo dos alimentos (galpão para misturador, moedor, picador e balança) e depósito para máquinas e equipamentos (tratores, carretas). As instalações de gerência compreendem um escritório e seus equipamentos, como telefone/rádio, computador, arquivos, para catalogação das fichas de controle de compra, venda e produção de insumos e animais, dados de desempenho dos lotes confinados, consumo de alimentos e combustíveis, utilização de mão-de-obra e outros. Pode incluir, ainda, uma pequena farmácia, contendo as vacinas necessárias, os produtos de rotina no manejo sanitário dos animais e alguns medicamentos e instrumental estratégico para combate imediato a alguma ocorrência extraordinária, tais como intoxicações e empanzinamento. Cada um dos currais ou piquetes de engorda deve ter área suficiente para conter o número de cabeças desejado em um lote. O tamanho dos lotes será ditado pelo número total de cabeças que se planeja confinar, pela facilidade ou dificuldade de se obterem animais homogêneos e determinado número de animais numa mesma ocasião. Se o confinador é o próprio fazendeiro, que faz a cria e recria dos animais, os lotes poderão ter tantas cabeças quantos forem os animais possíveis de entrar no confinamento num mesmo dia (por exemplo, um lote com os animais desmamados em fevereiro e outro para os desmamados em maio; um lote para os animais cruzados, outro para os de raça pura). O importante é ter em cada curral ou piquete um grupo homogêneo de animais, pois isso favorece o desempenho, permite o uso de rações mais apropriadas àquele lote particular, possibilita melhor controle da produção e assim melhor eficiência do processo. Com base nos dados colhidos sobre cada lote, será possível aprimorar o processo de planejamento para os anos seguintes. O confinamento conduzido durante a época seca do ano pode requerer 12 metros quadrados/cabeça a 15 metros quadrados/cabeça. O piso poderá ser de chão batido com uma declividade mínima de 3%. Em regiões mais chuvosas e, portanto, mais sujeitas à formação de lama nos currais (a lama é prejudicial ao desempenho dos animais), a área por cabeça e a declividade deverão ser maiores (até 50 metros quadrados/cabeça e 8% de declividade). Neste caso, ainda deverão ser feitas calçadas, com cascalho ou concreto, ao longo dos cochos, com 1,8 metro a 3 metros de largura, ou mesmo telhado sobre os cochos (pé direito com 3 metros). As cercas divisórias devem ter no mínimo 1,8 metro de altura e podem ser feitas de arame liso, cordoalha, tábuas e outros. Na parte frontal do piquete ficam os cochos de alimentos e, no lado oposto, as porteiras que se comunicam com o corredor de serviço ou circulação (corredores de passagem do gado para entrada e saída dos piquetes). À frente dos cochos estará localizado o corredor de alimentação, por onde passarão os veículos para distribuição dos alimentos. Os esteios de cerca e coberturas devem ficar do lado interno do curral e não no corredor de alimentação, para não atrapalhar a distribuição dos alimentos. Os cochos de alimentos podem ser construídos de diferentes materiais, como tambores, manilhas, madeira, desde que possam conter o volume de alimentos (volumoso) que serão oferecidos aos animais. Poderão ser colocados até a uma altura máxima de 40 centímetros do solo (o fundo do cocho). O importante é que tenham 65 centímetros a 70 centímetros disponíveis/cabeça, permitindo que todos os animais possam alimentar-se ao mesmo tempo. Assim, para um lote de 90 animais, por exemplo, serão necessários 63 metros de cocho. Os bebedouros deverão ter capacidade para fornecer 50 litros de água/cabeça/dia. Os cochos para sal mineralizado deverão ser localizados longe dos bebedouros, para evitar aglomeração de animais. Quatro metros de cocho para sal são suficientes para 100 animais. Dependendo das condições climáticas na região do confinamento, serão cobertos ou não. Sem existir um padrão
definido, as instalações deverão ser funcionais e práticas, de modo a
facilitar o manejo dos animais e abastecimento e limpeza de cochos e,
principalmente, ser simples, pois a sofisticação não traz retorno
econômico, podendo comprometer a rentabilidade do
processo.
3 OS ANIMAIS 3.1 Tipos e características Para a engorda em confinamento devem ser utilizados animais sadios, de bom desenvolvimento e potencial de ganho em peso. O ganho em peso pode dar-se por acréscimo de tecido ósseo, massa muscular ou gordura. Cada tipo de tecido formado demanda maior ou menor quantidade de determinado nutriente, e cada um dos tecidos tem uma particular taxa de crescimento, assim sendo, a participação de cada tecido no ganho é variável. A composição do ganho em peso é influenciada pela idade e peso vivo do animal, pelo sexo, pela estrutura corporal e pela taxa de ganho. Idade e peso vivo, em animais bem criados, dentro de uma mesma raça, usualmente estão associados. Animais mais jovens são mais eficientes quanto à conversão alimentar (quilo de alimentos/quilo de ganho em peso), pois o ganho se dá, principalmente, pelo crescimento da massa muscular, que é um tecido com teor de água relativamente elevado. Ao contrário, animais mais pesados ou mais erados demandam, comparativamente, maior quantidade de alimento/quilo de ganho, pois estarão sintetizando gordura a taxas mais elevadas. O sexo também influencia a composição do ganho em peso e a composição da carcaça. Animais de sexos diferentes chegarão ao ponto de abate (mesmo grau de acabamento da carcaça) em pesos ou idades diferentes. Fêmeas atingem o ponto de abate mais cedo e mais leves que os machos castrados que, por sua vez, estarão acabados mais cedo e mais leves que machos inteiros. Esse conhecimento permite um melhor planejamento da produção (tipo de alimentação, tempo de confinamento e época de comercialização). Modernamente, em sistemas eficientes de engorda em confinamento, a estrutura corporal dos animais também deve ser levada em conta, especialmente quando considerado o emprego crescente do cruzamento industrial para a produção intensiva de carne. Animais com estrutura corporal grande ganham peso mais rapidamente comparativamente a animais de raças pequenas, mas demoram mais tempo para atingir o peso próprio para abate. São consideradas raças de estrutura corporal média aquelas com peso vivo de abate entre 450 quilos e 520 quilos para machos e 400 quilos e 475 quilos para fêmeas. Raças de estrutura corporal grande atingem grau da acabamento em pesos superiores a 520 quilos para machos e 475 quilos para fêmeas. Assim sendo, animais de estrutura corporal média, por exemplo, se deixados engordar até que atinjam pesos elevados, eqüivalentes ao peso de abate de bovinos de estrutura corporal grande, terão carcaças com excesso de gordura, o que a deprecia da mesma forma que a pouca gordura, além de encarecer o produto final. A taxa de ganho em peso tem influência sobre a composição do ganho, pois à medida que aumenta o ganho, aumenta a quantidade de gordura depositada na carcaça. Uma maior taxa de ganho requer maior quantidade de alimento, mas, por outro lado, quando são mantidas altas taxas de ganho no confinamento, proporcionalmente é utilizada menor quantidade de alimento para mantença do organismo. O investimento (alimento) feito na mantença dos animais não traz retorno econômico, salvo quando a valorização do peso da arroba do boi gordo for superior ao custo da mantença mais o custo do capital empregado. 3.2 Manejo dos animais O manejo dos animais para ou no confinamento deve ser feito sempre com calma, de forma a evitar o estresse e acidentes. A observação sobre a aparência e comportamento dos animais deverá ser constante, pois qualquer mudança que haja nesses fatores poderá ser indicativo de algum problema. Animais doentes ou problemáticos devem ser imediatamente apartados para tratamento, retornando ao confinamento (ao mesmo lote de origem) após plena recuperação. Se o tamanho do lote depende da disponibilidade de animais homogêneos quanto a sexo, grau de sangue, estrutura corporal e grau de acabamento, é recomendável também que os lotes não excedam 100 cabeças/piquete. Uma regra útil é que o tamanho do lote seja compatível com a capacidade de carga dos caminhões de transporte. Por exemplo, se um caminhão puder transportar dezoito bois acabados, um lote poderá ter 36, 54, 72 ou 90 cabeças correspondendo a dois, três, quatro ou cinco caminhões. Com isso, terminado o período de confinamento, será possível vender todo o lote. Durante o período de confinamento não é recomendável a troca ou mistura de lotes, nem a colocação de novos animais em lotes já formados. Antes de entrar no confinamento, os animais deverão ser vacinados contra a febre aftosa, o botulismo e os vermifugados e, se for o caso, tratados também contra os ectoparasitos, como bernes e carrapatos. As vacinações, as operações
de pesagem, de embarque e transporte dos animais devem ser feitas sempre
de maneira cuidadosa, para que não ocorram edemas ou machucaduras que
venham a prejudicar o aproveitamento ou qualidade da carne, especialmente
a dos cortes nobres do traseiro.
4 OS ALIMENTOS Dietas para bovinos em confinamento incluem alimentos volumosos, concentrados e aditivos. São alimentos volumosos aqueles que possuem teor de fibra bruta superior a 18% na matéria seca, tais como os capins verdes, silagens, fenos, palhadas. Alimentos concentrados são aqueles com menos de 18% de fibra bruta na matéria seca e podem ser classificados como protéicos (quando têm mais de 20% de proteína na matéria seca), como as tortas de algodão, de soja, ou energéticos (com menos de 20% de proteína na matéria seca), por exemplo, o milho, triguilho, farelo de arroz. Os alimentos são usualmente descritos ou classificados com base na matéria seca, para poderem ser comparados quanto as suas características nutricionais, custo de nutrientes e outros. A matéria seca (MS) é a fração do alimento excluída a umidade natural. Assim, por exemplo, uma partida de milho em grão que tenha 13% de umidade natural tem, por diferença, 87% de matéria seca. O teor de umidade entre alimentos é variável (cerca de 75% para gramíneas frescas, por exemplo, até 10% para tortas ou fenos). Na matéria seca é que estão contidos os nutrientes, como carboidratos, proteínas, minerais. Uma vez que a porção nutritiva de um alimento está contida na matéria seca e que a capacidade de consumo dos alimentos pelos animais está relacionada, também, com a matéria seca, todo cálculo relativo à alimentação, tais como balanceamento de rações, custo de aquisição e transporte de alimentos, deve ser feito com base na matéria seca, ou seja, convertido para equivalência a 100% de matéria seca. Ração é a quantidade total de alimento que um animal ingere em 24 horas, e ração balanceada é aquela que contém nutrientes em quantidade e proporções adequadas para atender às exigências orgânicas dos animais. Usualmente, as rações são compostas de alimentos volumosos e concentrados. O balanceamento das rações determinará a relação volumoso:concentrado necessária para cada tipo de animal e taxa de ganho em peso. Maiores taxas de ganho em peso requerem maior concentração energética na ração. Alimentos muito ricos em carboidratos estruturais ou fibras, como é o caso das gramíneas, têm menor concentração energética comparativamente àqueles com alto teor de carboidratos não estruturais, por exemplo, o grão de milho ou torta de soja. A eficiência de utilização de nutrientes da ração para o ganho em peso depende da concentração energética da ração, ou seja, da relação volumoso:concentrado. Rações com baixa concentração energética (à base de volumosos exclusivamente) são utilizadas com uma eficiência de 30% para o ganho em peso, ao contrário de rações de alta concentração energética (relação volumoso:concentrado de 80:20, por exemplo) que podem ser utilizadas com uma eficiência de 45% para o ganho em peso. O balanceamento de rações, além da energia, deve levar em conta a proteína. No balanceamento da proteína deve ser considerada a proteína necessária aos microorganismos do rúmen e aquela necessária ao bovino. Modernamente, o conceito de proteína digestível (PD) para o balanceamento de rações foi substituído pelos conceitos de proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não-degradável no rúmen (PNDR) ou proteína digestível no intestino, ou, ainda, pelo conceito de proteína metabolizável. Minerais e vitaminas são acrescentados às rações, em proporções suficientes para atender às exigências orgânicas dos bovinos. Rações podem ainda incluir aditivos, como tamponantes, ionóforos, palatabilizantes. 4.1 Manejo da alimentação A escolha dos alimentos para composição da dieta dos animais em confinamento deve ser feita, em primeiro lugar, pela qualidade geral dos mesmos, ou seja, nunca devem ser utilizados alimentos mofados, rancificados ou com qualquer outro indício de deterioração, sob pena de comprometimento do lote de animais em conseqüência de distúrbios metabólicos e intoxicações e, também, pela condição insalubre de trabalho para os tratadores. Alguns alimentos têm um limite para utilização. Por exemplo, o resíduo da pré-limpeza do grão de soja, que chega a ter 16% de proteína bruta na MS, não deve ser incluído nas rações em proporção superior a 25% da MS, porque causará diarréia e timpanismo. Como regra, para o caso de alimentos não usuais, o limite de emprego não deverá ultrapassar a 20% da ração total. A ração dos bovinos em confinamento deverá ser servida em duas ou três porções diárias. O mínimo permissível são duas refeições diárias, espaçadas convenientemente (por exemplo, às oito horas e às dezessete horas). O horário de fornecimento é outro fator de importância no manejo da alimentação, e não deve ser alterado durante todo o período do confinamento. Para evitar distúrbios digestivos e estresse dos animais, nos cochos deve haver sempre alimento à disposição. Usualmente, é o alimento volumoso que fica disponível à vontade no cocho, sendo o concentrado fornecido em quantidade controlada nos horários de refeição. Os cochos devem ser limpos todos dos dias, antes da primeira refeição do dia, para evitar que resíduos fermentados ou apodrecidos sejam consumidos pelos animais. É importante que os animais sejam adaptados gradativamente à dieta do confinamento, em especial aqueles antes mantidos exclusivamente em pastagens. A não adaptação à dieta tem sido responsável por distúrbios, como acidose e timpanismo nos confinamentos. Os alimentos novos da dieta devem ser incluídos à ração em proporções crescentes até atingirem a proporção final da ração balanceada a ser usada. Dependendo da dieta, são necessários de quinze a trinta dias para que o animal se adapte à dieta e o consumo de alimentos se estabilize. Não é desejável que durante a engorda em confinamento seja alterada a composição da ração. Em caso de necessidade de mudança de algum dos componentes, esta deverá ser feita também de forma gradual, de maneira a permitir que a população microbiana do rúmen se adapte à nova dieta. A água fornecida aos animais
deve ser de boa qualidade e estar sempre disponível.
5 PROBLEMAS NO CONFINAMENTO DO GADO DE CORTE Levando-se em conta que o gado proveniente de confinamentos corresponde a uma pequena parte (cerca de 6%) do total do gado abatido, no Brasil, os problemas que venham a acontecer durante o confinamento irão afetar sobretudo o próprio produtor. Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condições que contribuem para o insucesso ou diminuição do rendimento da atividade. Os fatores que levam à diminuição do desempenho animal e/ou que comprometem a produtividade ou lucratividade do sistema podem ser subdivididos em: a) fatores que afetam os animais individualmente e b) fatores que afetam o lote de animais. No primeiro caso, estão incluídos os distúrbios metabólicos, doenças e intoxicações. Os prejuízos dependem da intensidade de ocorrência destes e do número de animais acometidos. Em geral, tal prejuízo é facilmente visualizado e contabilizado, pois o(s) animal(is) doente(s) se destaca(m) dos demais. No segundo caso, os prejuízos são de difícil avaliação ou visualização pelo produtor, pois o efeito negativo é uniformemente distribuído entre os animais. São derivados de fatores ou condições que impedem que a eficiência máxima seja obtida, ou seja, não há perda concreta, mas deixa-se de ganhar. Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, está a acidose, caracterizada pelo aumento do ácido lático no rúmen, geralmente em conseqüência do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentescíveis (do concentrado da ração). O animal perde o apetite, e, com a evolução da acidose, pode morrer. A acidose tende a ocorrer quando não há introdução gradual da ração ou quando há aumento na quantidade consumida de grãos em decorrência de uma mudança climática, por exemplo, além do fornecimento de silagens de baixa qualidade ou água contaminada. Para controle da acidose, pode reduzir-se, temporariamente, o fornecimento do concentrado e dar bicarbonato de sódio com a ração. Alguns ionóforos também auxiliam na prevenção da acidose. O timpanismo também pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos, como leguminosas e resíduo da pré-limpeza do grão de soja, podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqüência de alimentação não é adequada ou há alternância de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente moídos (pode haver evolução até o aparecimento de paraqueratose). No timpanismo em que é formada uma espuma (usualmente ligado ao uso de leguminosas), o fornecimento de óleo (de soja, por exemplo) pode amenizar a distensão do rúmen; entretanto, no timpanismo associado à ingestão de grãos, o óleo pode contribuir para o agravamento do quadro clínico. Em casos graves chega a ser necessária a intervenção mecânica para expulsão dos gases do rúmen. Há no mercado remédios que auxiliam no tratamento do timpanismo e é interessante tê-los sempre disponíveis na farmácia. Quando mal utilizada, a uréia pode provocar intoxicação nos bovinos. A princípio, os animais mostram sintomas de desequilíbrio (animal "tonto"), podendo evoluir rapidamente até à morte. Para prevenir esse quadro, a uréia deve ser fornecida acompanhada de carboidratos prontamente fermentáveis, em quantidades balanceadas, e introduzida na ração de forma gradual. Para acudir animais intoxicados, recomenda-se forçar a ingestão de água, de preferência gelada, e vinagre. Outras doenças, causadas por vírus (por exemplo, papilomatose, diarréias), bactérias (ex.: enterotoxemia, tuberculose), fungos, protozoários e outros vermes (ex.: cisticercose, helmintoses) e artrópodos (ex.: sarna) também podem ocorrer. Contudo, são de baixa ocorrência quando o manejo sanitário do rebanho é bem conduzido. Há ainda doenças como a reticulite e a bursite traumáticas. A primeira pode desenvolver-se após a ingestão acidental de pedaços de arame, pregos ou materiais semelhantes que venham a perfurar o retículo. A segunda é mais comumente conseqüência do uso de arame ou barra não flexíveis, colocados à frente dos cochos para impedir a entrada dos animais nos mesmos. Montas e brigas entre animais, se freqüentes, podem trazer prejuízo tanto para aqueles dominados (lesões) quanto para os dominantes (gasto energético superior). As causas para tais comportamentos anormais não estão bem definidas. Há casos em que é preciso retirar animais do lote para amenizar o problema. Quaisquer dos problemas citados podem ser evitados quando os princípios básicos de alimentação e manejo de animais em confinamento são respeitados. Dentre os problemas que
afetam o desempenho dos animais em conjunto, impedindo que o rendimento
seja maximizado, destacam-se: presença de lama nos currais, comprimento de
cocho insuficiente, uso de alimentos de baixa palatabilidade (farinha de
carne) em proporção relativamente alta, picagem do capim verde a ser
fornecido com muita antecedência à hora da refeição (esquenta e fermenta,
perdendo paladar). Animais sem boa conformação óssea e muscular, lotes com
animais de porte, condição ou idade diferentes, excessiva movimentação dos
animais, constante presença de pessoas estranhas, alteração dos horários e
forma de fornecimento de alimentos, seguramente, são fatores que
comprometem o rendimento da engorda.
6 CONTROLE E GERENCIAMENTO Obviamente, o planejamento inicial é a base para a implantação e desenvolvimento da engorda em confinamento. No planejamento inicial é importante que sejam considerados aspectos relativos à infra-estrutura (instalações, energia elétrica, fonte de água, estradas), mercado (tipo e preço de animais a serem comprados e vendidos), mão-de-obra (peões de campo, assessoria ou consultoria técnica específica), meio ambiente (localização de áreas de plantio, direção dos ventos, presença de córregos ou vilas próximos) e atividades essenciais (preparo de culturas forrageiras, conservação de forragem, aquisição de alimentos, suplementos, animais, medicamentos). Estudadas as várias alternativas possíveis, já citadas, e suas melhores combinações, é definido o plano de ação a ser implementado. Contudo, o acompanhamento e controle constante da atividade é essencial para o progresso do empreendimento. O acompanhamento implica na observação diária do andamento da atividade (comportamento dos animais, dos horários e quantidade de alimentos fornecidos, do desempenho e habilidades da mão-de-obra, do funcionamento de máquinas e implementos). O controle, além da parte derivada do acompanhamento, deve incluir anotações e registros próprios de custos e receitas (aquisição de animais, alimentos e medicamentos, de fretes, de mão-de-obra, preparo de áreas e colheita de forragens, venda dos animais, de esterco) e de informações (procedência e peso vivo inicial dos animais; início e término do período de engorda; tratos sanitários feitos, frigorífico comprador). O acompanhamento deve prover
informações suficientes para indicar e embasar necessidades de ajuste no
transcorrer de um período de engorda. O controle servirá de base para a
avaliação do negócio ou do plano escolhido como um todo, de forma a
permitir seu aprimoramento ou indicar modificações para as engordas
seguintes. Só será possível progresso no empreendimento se a gerência do
processo for tão eficaz quanto às atividades intermediárias, como escolha
do animal e balanceamento de rações.
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