23 - Cimentos
(b)
Clinquerização
O processo de clinquerização
pode ser observado nas estapas
abaixo:
farinha clinquer
1 +
2
3
4 + 5 6
gás de combustão ar frio
1) secagem - evaporação da água do material ( 100 - 120°C )
2) desidratação do material - extração da água de cristalização
3) calcinação - liberação do CO2 do carbonato de cálcio, formando o óxido de cálcio, início da formação do clinquer.
4) zona de transição - aumento de temperatura do material ( 1300°C )
5) clinquerização - a temperatura da massa sobe até 1500°C , cerca de 20% encontra-se no estado líquido.
6) zona de resfriamento dos grânulos de clinquer.
O clinquer é um produto granulado obtido por um tratamento controlado da mistura crúa em forno ( 1400-1500°C ).
· tratamento térmico ( clinquerização ) constitui um conjunto de reações física e químicas que conduzem a formação de quatro componentes essenciais ( visto anteriormente ), o silicato tricálcico, o aluminato tricálcico, o silicato bicálcico, o ferro aluminato tetracálcico, e eventualmente o cal livre, periclásio ( óxido de magnésio ), sulfatos, sulfetos e ferro metálico.
· As reações químicas no interior do forno são processadas em função das temperaturas.
· - Decomposição do carbonato de magnésio ( 340°C ).
- Desidroxiliação de materiais argilosos ( 500° ) a fração argilosa perde a água combinada, originando mistura de óxidos de silício, ferro e alumínio, que com o aumento de temperatura fixam o óxido de cálcio.
- Decomposição do carbonato de cálcio ( 800°C ) consome grande quantidade de energia térmica, inicia na torre de ciclones terminando no interior do forno. A descarbonatação deve estar completa antes do material chegar na zona de queima.
- A partir desta última fase ocorre a “clinquerização” ( 900 a 1450°C ) .
A clinquerização pode ser observada também nas seguintes fases:-
1. A partir de 900°C a formação de silicato bicálcico tem uma velocidade apreciável e a 1200°C toda a sílica está combinada nessa forma.
2. Acima de 1000°C os óxidos de cálcio, alumínio e ferro começam a se transformar em aluminato tricálcico e ferro aluminato tetracálcico.
3. Entre 1250°C e 1280°C aparece a fase líquida com o progressivo desaparecimento do cal livre.
4. Em 1450°C completa-se o consumo de praticamente todo o cal livre.
Envolvimento térmico na clinquerização:-
No processo de clinquerização existem várias reações que são de natureza endotérmica
ou exotérmicas, conforme absorção ou desprendimento de calor.
Até 100°C evaporação da água livre endotérmica
500°C desidroxilação dos minerais argilosos endotérmica
800°C decomposição dos calcários endotérmica
900°C recristalização dos minerais de argila exotérmica
900-1200°C reação do CaO com os alumino silicatos exotérmica
1200-1280°C início de formação da fase líquida endotérmica
1280°C formação de silicato bicálcico exotérmica
1280-1330°C formação de fase líquida e silicato tricálcico endotérmica
1330-1450°C crescimento de cristais do silicato bi e tricálcico exotérmica
1200° cristalização da fase líquida exotérmica
1200-200° resfriamento do clinquer exotérmica
Resfriamento do clinquer
O clinquer sai do forno como massas granulares duras, com dimensões de 3 a 19 mm.
É descarregado do forno para arrefecedores pneumáticos , que abaixam rapidamente a temperatura até 100-200°C, gerando correntes de ar quente utilizados no pré-calcinador e no sistema de ciclones.
O resfriamento ainda faz parte da formação do clinquer, pois a maneira como o clinquer é resfriado altera sensivelmente suas propriedades.
São dois os tipos de resfriamento:-
O primeiro ocorre entre a zona de queima e a boca de saída do forno, e quando adequado, condiciona a estabilidade dos silicatos.
O segundo, ocorre em um resfriador industrial e condiciona principalmente a cristalização e a intensidade da fase intersticial e do periclásio.
O resfriamento do clinquer, influencia diretamente a estrutura cristalina, composição mineralógica e a moabilidade do clinquer e consequentemente a qualidade do cimento produzido.
Razões do resfriamento do
clinquer
· O clinquer deve ser resfriado, pois em temperaturas altas provoca problemas de transporte.
· O clinquer com temperaturas mais baixas facilita a moagem.
· O calor recuperado no resfriamento reduz os custos de produção.
· Um resfriamento rápido evita a transformação de periclásio.
Resfriador de clinquer
O sistema de resfriamento do clinquer, baseia-se obviamente, em troca térmica
Os equipamentos utilizados usam como meio de condução, um sistema com água ( o qual não é prático e econômico ) e o ar, que possibilita a recuperação de grande parte da energia térmica.
O equipamento tradicional, consiste em um sistema de grelhas composto por conjunto de gralhas fixas e conjunto de grelhas móveis, superpostas e que permitem a passagem de ar fornecido por ventiladores que se localizam em câmaras abaixo do sistema de grelhas.
Na saída do resfriador, existe um britador de martelos que diminui a granulometria do clinquer até média de duas polegadas, facilitando a estocagem e manuseio, bem como servindo de pré-moagem.
Após passagem pelo britador o clinquer é conduzido por meio sistema transportador até o pavilhão de armazenagem, ou silo de embarque.
O ar injetado no resfriador, após passagem pelo clinquer, é dividido em fluxos diferentes, seguindo parte para o sistema de ciclones, parte para o pré-calcinador , parte para o forno (usado como ar de combustão), e ainda parte é usada como gás de arraste de partículas e que após passar por sistema de ciclones e filtro eletrostático é liberado para a atmosfera.
Moagem do clinquer e aditivação
Os materiais que formam o cimento, no caso o clinquer e o gêsso, são moídos, reduzidos a partículas finas para que alcancem as propriedades requeridas.
A fina granulometria da moagem caracteriza-se pela alta superfície específica, e distribuição dos tamanhos das partículas.
Durante a moagem uma grande quantidade de calor é liberada , a temperatura do moinho, aumenta consideravelmente, e a temperatura de moagem juntamente com a granulometria tem efeito intenso sobre as características do cimento.
Uma temperatura muito alta devido ao calor gerado pelo choque entre as bolas, e entre o material e o revestimento da parede do moinho, pode ocasionar a desidratação do gêsso, condição em que pequenas quantidade de águas são injetadas ao moinho.
Uma baixa temperatura também é inconveniente, pois provoca retenção do material nas câmaras de moagem, aumentando o grau de enchimento e dificultando o processo de moagem.
Dos silos de clinquer, o material é conduzido a balanças dosadoras onde é adicionado com os aditivos ( gêsso , calcário, cinza pozolânica etc ).
A composição, passa em seguida por um moinho homogeneizador, que reduz sua granulometria, sendo conduzida para moinho de bolas.
O material moído passa por separadores dinâmico, sendo os grossos com retorno ao moinho e os finos conduzidos aos silos de estoque , para ensacamento ou disposição a granel.
Algumas indústrias conduzem o cimento para sistema de silos multicâmaras, onde armazenam diferentes tipos de cimento, com possibilidade de realizar misturas entre eles (blend ) de modo a obter cimentos com características diferentes e desejadas.