26 – SIDERURGIA III – Aços
Aço é qualquer ferro forjável que não
precisa de um tratamento posterior, e, sendo liga de Fe+C+elementos obtida a
partir de ferro gusa, sofre em seu processo de produção, a "descarbonização"
ou "refino", que consiste em diminuir o seu teor de carbono pela oxidação.
(forjável:- material que aquecido a
vermelho, abaixo de seu ponto de fusão, pode ser trabalhado e moldado sob ação
mecânica.)
Ferro
:- baixo teor de C ( até 0,008%)
Ferro gusa:-
possui 3-4% de C, é duro e frágil.
Aço :-
acima de 0,008% e máximo de 2,06% de C.
(Arame:- baixo teor de C, é mole e dúctil,
aumentando-se o teor de carbono, torna-se duro e frágil. )
Classificação:-
1) Aços carbono:- (0,008% -2,06% de C)
a) de construção : até 0,6% de C
b) de ferramentas: 0,6% até 2,06% de C (cimentita)
2) Aços especiais:- Ligas de Fe + C +
elementos (Ni,Cr,W,).
Fe3C ...Cimentita
duro e frágil
Fe .....Ferro puro mole e dúctil.
(2%) :- máxima solubilidade do carbono
no ferro, a temperatura de 1147oC.
(6,67%) :- teoricamente, o máximo teor
de carbono possível em liga de ferro.
Processos
e Fornos.
Cubilô :- forno de
tipo intermitente
de refusão, trabalha
aprox. 16 horas, e
interrompe-se o funcionamento por razão
de desgaste do refratário
na região de entrada de ar.
É vertical, feito em
chapas de aço, revestido internamente por refratários.
Possui fundo móvel,
importante na
paralisação do forno, quando a abertura deve ser rápida com a retirada
imediata da carga, evitando sua solidificação no interior do mesmo.
Na partida, deve-se aquecê-lo antes da
introdução dos
materiais , coloca-se madeira e óleo combustível no fundo do forno
e quantidade
de "pé de coque".
Faz-se aquecimento a 1400oC
, fecha-se a abertura de saída da escória, faz-se passar
ar pela
caixa de
vento, e carrega-se o
"cubilô" com
camadas sucessivas do material.
Pé de coque:-
é a quantidade de coque
necessária para manter o aquecimento.
Relação de carga:- Ferro 8kg (aprox.
6kg de ferro + 2kg de sucata. Coque
1,5 Kg. Fundentes (fluorita, calcário) 0,33kg.
Modificações químicas:- (S)
absorvido pelo ferro, (C) coque, parte absorvida. (P) quantidade que entra sai.
(SiO) vai a SiO2 eliminado na escória.
(Mn) eliminado como óxido.
Béssemer:-
Procedimento para purificar o gusa,
baseado no fato de que quando se insufla ar através de uma massa de ferro
fundido, as impurezas, ( carbono, silício, fósforo etc ) são oxidadas
inicialmente, obtendo-se um metal dúctil e maleável, sendo praticamente o
ferro doce.
O forno, (conversor) é basculante ,
movimentando-se para posições de carga e descarga.
Seu fundo tem grande desgaste com
necessidade de renovação freqüente . É fabricado em chapas de aço e
revestido internamente por material silicoso, funciona em processo ácido, e
possui orifícios através dos quais sopra-se um forte jato de ar.
O forno é instalado próximo ao AF.,
pois trabalha parcialmente com carga de gusa líquida.
Carga:- sólida ...minérios e resíduos
( vertical )
líquida...gusa ( horizontal
)
1. Recebe a carga sólida ( minério e
sucata de laminação ) em posição vertical.
2. Recebe a carga líquida ( gusa
fundido ) em posição horizontal para que a fase líquida não passe pelos
furos.
3. Injeção de ar ( 1 a 2 minutos )
posição vertical, o ar produz oxidação do Si e do Mn desenvolvendo calor por
reação exotérmica.
4. Adição de sucata em posição
inclinada, quando já existe temperatura suficiente para sua fusão.
5. Retorno a posição vertical e injeção
de ar até o fim da fusão ( 30-45 minutos )
6. Posição de despejo ( inclinada
para baixo ).
Fatores que influem no processo Béssemer:-
1) Calor sensível- Temperatura física
do gusa ou carga líquida ( mínima 1250oC
).
2) Calor latente- Energia liberada por
reações exotérmicas
como:- Si + O2
---> SiO2 + 208 kcal (1kg de
Si=7800 Kcal)
Reações:-
1.
2 Fe + O2 ---> 2 FeO
( exo )
2.
Si + 2 FeO ---> SiO2 + 2 Fe
( exo )
3.
Mn + 2 FeO ---> MnO2 + 2 Fe
( exo )
4.
MnO2 + SiO2
---> MnO2.SiO2
( escória )
5.
FeO + SiO2 ---> FeO.SiO2
( Perda de Fe na escória )
6.
2 C + O2 ----> 2 CO
7.
FeO
+ CO ---> Fe + CO2
A reação com o carbono apenas
inicia-se após a reação total do Si e do Mn, não se consegue diminuir o teôr
de carbono antes de eliminar totalmente o
Mn e o Si.
Havendo presença de enxofre, deve-se
fazer antes um processo de dessulfurização.
Para uso com minerais com alto teor de
fósforo, reveste-se o forno com dolomita (revestimento básico ) e junta-se óxido
de cálcio e carga de ferro fundido, continuando a soprar por mais tempo,
quando os óxidos formados ( P, Si, Mn, ) são absorvidos pelo revestimento do
forno.
Na substituição do revestimento
desgastado por novo, o material retirado, é beneficiado ( moído ) e tem seu
uso como fertilizante. ( é o chamado processo Béssemer básico ).
Processo desenvolvido em Linz e
Donawitz na Áustria, usa forno semelhante ao do processo Béssemer com a
diferença de uso de sopro de ar de oxigênio puro diretamente sobre o material
em estado fundido, não através dele, e sim, sobre a superfície do mesmo, por
meio de tubos de aço sem costura.
O banho fundido adquire movimento
intenso e inicia rapidamente uma forte reação que oxida as impurezas quase que
simultaneamente.
É um processo básico, ( CaO, MgO )
portanto seu revestimento é dolomítico.
Usa conversor semelhante ao do Béssemer,
usando o CaO para a eliminação do fósforo e do enxôfre.
O mineral a ser utilizado deve possuir
teor de Mn acima de 1%, desenvolvendo em sua oxidação reações exotérmicas.
O gusa usado, deve ter teor elevado de
fósforo, pois não existindo Si, ( que reagiria com o revestimento ) usa a reação
de oxidação do fósforo como fonte térmica.
A oxidação do fósforo proporciona
temperatura necessária para as demais reações.
2 P + 5/2 O2 ---> P2O5
+ 370 kcal ( 1kg de P = 5400 kcal )
O fósforo eliminado com escória tem
aproveitamento valioso como escória de Thomas (CaO.P2O5 ---> 25% de P2O5
)
Processo básico, utilizando forno com
dimensões de 25m de comprimento, 7m de largura, 2/2,5m de altura.
Usa como carga, mistura de ferro bruto
( 30% ) e sucata de aço ( 70% ) . Elimina por completo as impurezas de
Si, Mn, P e S, possuindo carga de aproximadamente 200 toneladas.
Trabalha com regeneração de calor e
com entrada de ar e gás combustível.
Os gases após sua combustão a 1800oC
(saída) deixam seu calor no empilhamento de material refratário.
As reações são semelhantes ao do
processo Béssemer.
Insufla-se o ar para queimar o C ,
ocorrendo agitação da massa com distribuição de calor.
O Siemens-Martim trabalha em fornos de
soleira (plataforma) aquecidas com gases em combustão.
As impurezas são oxidadas em elevadas temperaturas e separam-se.
A temperatura necessária para manter o
metal em estado de fusão, provém da combustão de uma mistura de gases combustíveis
e de ar, (em excesso), previamente aquecidos em câmaras com auxilio de gases
provenientes da queima.
O aquecimento prévio da mistura de
gases (1000oC) se obtém no próprio
forno, em procedimento regenerativo, que consiste em inverter periodicamente a
corrente de gases.
Com vantagens de se poder regular as
altas temperaturas e, acelerar o processo,
os fornos elétricos, não usam gases e portanto não se introduz
impurezas (S), sendo ideal para a fabricação de aços especiais.
Classificam-se como:-
1. Arco voltaico a)
indireto
b) direto
2.Indução.
Arco voltaico:-
Indireto:- Usa o arco voltaico com
fonte térmica. Consiste de forno com eletrodos de grafite ( 80% de carbono ),
onde por meio de descarga elétrica, obtêm-se a energia térmica suficiente
para o processo ( 3500oC ), que é
transmitida carga por meio de radiação.
Direto:- é forno de caráter ácido,
em sistema basculante, com diâmetro de aprox. 6m , usa também o arco voltaico
onde a carga é um dos pólos, e o arco se dá, entre a mesma e um sistema de
eletrodos.
É composto de três partes:- soleira,
parede e abobada, trabalhando com três eletrodos de grafite.
Sistema de pistões movimentam os
eletrodos, distanciando ou aproximando-os da massa, controlando assim o arco
formado.
Possui sistema de refrigeração no
corpo do forno e na bica de corrida, utilizando água.
Alguns sistemas usam cadinhos (panelas)
substituíveis removidas por meio de guinchos .
Após fusão da sucata pelo arco,
faz-se a injeção de oxigênio para a complementação da reação.
Indução.
Baseia-se no princípio de que em
bobina onde circula corrente alternada, cria-se um campo magnético, que muda
constantemente, e pode fundir um metal colocado em canal que envolve a bobina,
porque se origina nele por indução uma
corrente elétrica em curto-circuito, produzindo rapidamente temperaturas
elevadas.
Aços normais não resistem ao ataque
de agentes atmosféricos ou químicos, sobretudo em altas temperaturas.
Se ao aço se liga o cromo, resiste a
altas temperaturas:
6% de Cr até 800oC
- 20% de Cr até 1200oC.
O aço torna-se tenaz com a adição
de Ni, resistente a ruptura com Mo , de alta dureza com Mn e de extrema dureza
com Cr e W.
aço rápido .....15/18% W - 2/5% Cr -
0,6/0,8% C
aço cromo ..... 6,2% Cr -
0,65% C - 0,17% Mn - 0,07% Si
aço inox ( vários ) 15/20% Cr -
5/9% Ni - 0,1/0,3% C
aço baixo coef. dilatação
36/46% Ni ( = vidro e platina )
aço de resistência química
13/16 Cr% - 0,5% Ni.
Normas nacionais e internacionais fixam
composição dos diversos aços especiais, bem como valores para suas várias
propriedades.
Para ser considerado inoxidável, o
aço deve formar na superfície, por aço do oxigênio, fina película
protetora de óxido de cromo.
A película se forma quando o teor de
cromo livre na liga é da ordem de 13%, ou mais.
Outros elementos, como níquel, molibdênio
e cobre podem ser adicionados, tanto para conferir ao aço estrutura específica,
como para melhorar, a resistência a corrosão.
Os aços inoxidáveis são
divididos em quatro tipos básicos, conforme a estrutura metalográfica.
a) aços ferríticos, contendo
entre 13% a 30% de cromo.
b) aços martensíticos, com teor
de cromo entre 13% e 20% e alta percentagem de carbono.
c) aços austeno-ferríticos, com
níveis de cromo de 18% a 26% e cerca de 5% de níquel.
d) aços austeníticos, contendo entre
15% a 26% de cromo e de 7% a 25% de níquel.
Os aços inoxidáveis mais comuns
são austeníticos, embora tanto os austeno-ferríticos como os ferríticos
sejam muito empregados.
Os ferríticos, apresentam certas
desvantagens, como baixa resistência mecânica e susceptibilidade a corrosão
intergranular após soldagem. (a resistência a corrosão é determinada pela
composição química do aço).
Os aços martensíticos, tem sido
usados principalmente em materiais com elevado grau de dureza (lâminas de
facas).
As ligas de aço inoxidável
pioneiras foram desenvolvidas durante a Primeira Guerra Mundial e eram apenas
ligas Ferro-Cromo (Fe-Cr).
.A escolha do material correto para uma determinada aplicação na indústria, exige conhecimento das propriedades físico/químicas das ligas disponíveis e das condições de trabalho da planta, seja ela química, petroquímica, do setor de papel e celulose ou da área de alimentos.