O vidro é considerado como no estado líquido? Por quê?

Há uma ampla crença que o vidro é líquido. Talvez isso seja baseado no mito de que os vidros das antigas catedrais são mais espessos na parte inferior que na superior, sugerindo um escoamento lento durante os séculos... Mas isso é mito. O prof. Zanotto, do Departamento de Engenharia da Universidade de Federal de São Carlos, pesquisou o assunto e descobriu que o tempo necessário para que o vidro "escorra" de forma perceptível na temperatura ambiente seria incrivelmente longo (trilhões de anos!) e seu efeito não poderia ser medido nem nas mais antigas catedrais. Nem mesmo se o primeiro vidro obtido pela humanidade tivesse sido pendurado e deixado assim por todos esse tempo, ainda assim não teríamos como perceber hoje qualquer sinal de escoamento. Portanto, o vidro comum de janelas, em temperatura ambiente, comporta-se com um sólido.
Mas que tipo de sólido? O que os cientistas gostam de chamar de sólido tem várias propriedades bem definidas. Por exemplo, sua estrutura microscópica, observado átomo a átomo ou molécula a molécula, deve ser regular. No sal de cozinha os átomos de Na (Sódio) e Cl (Cloro) estão arrumados, sobrepostos e justapostos, de uma forma bem regular. Essa estrutura é chamada de cristalina. Outra propriedade que se espera dos sólidos é que a temperatura de fusão (aquela na qual ele derrete ou se solidifica) seja bem definida. Por exemplo, o gelo derrete quando a temperatura supera, ainda que muito pouco, a 0° C; e a água se torna gelo quando sua temperatura for inferior a 0° C. Assim, dizemos que a temperatura de solidificação da água ou a temperatura de fusão do gelo (é a mesma coisa) é 0° C.
Sólidos como o ferro, alumínio, sal de cozinha, gelo, diamante, e muitos outros, têm essas propriedades: seus átomos, íons ou moléculas estão bem arrumadinhos (e por isso são chamados de sólidos cristalinos) e a temperatura de fusão é bem definida. O vidro não tem nenhuma dessas propriedades: sua estrutura não é regular como a do sal de cozinha ou do gelo: o seu padrão de repetição não vai além de dois átomos ou íons seguidos. E na medida em que o vidro é esquentado ele vai amolecendo devagar, ficando cada vez mais mole (menos viscoso) na medida que a temperatura aumenta. Portanto o vidro, destes pontos de vista, não é sólido. Mais cedo ou mais tarde ele escorrerá mas, segundo o prof. Zanotto, isso não ocorre na escala humana de tempo. Materiais como o vidro, cerâmicas e outros sólidos mais esquisitos do que os bem comportados sólidos cristalinos têm sido estudados, pois suas propriedades podem ser úteis e interessantes.

Por que os índios colocam a orelha no chão para medir a distância de pessoas se aproximando ou a presença delas? E se eles fazem isso colocando as orelhas no chão, por que não o fazem escutando o som que vem através do ar?

O fato é que a velocidade do som é maior no solo do que no ar, e não importa a velocidade com que as pessoas se aproximem, a velocidade do som é sempre muito maior no solo do que no ar. A principal vantagem de se escutar o som no solo é que ele não encontra obstáculos no caminho a ser percorrido evitando assim o espalhamento ou atenuação do som.

O que produz o som de quebra quando você pressiona as articulações dos dedos?

O que se escuta é devido ao estouro de bolhas de gás do fluido de lubrificação, localizado nas juntas dos dedos. Quando os dedos são puxados a pressão do fluido é terrivelmente reduzida. Alguns minutos são necessários para o gás ser reabsorvido.

O que faz um pedaço de giz produzir um ruído agudo, se você o manuseia incorretamente? Por que a orientação do giz importa, e o que determina o chiado que é escutado? (Por que um porta range?)

O giz produz o ruído agudo em várias situações que resultam de um "pegar" e "deslizar". Por exemplo, o manuseio incorreto do pedaço de giz primeiro adere ao quadro-negro, mas quando o escritor inclinda o giz suficientemente para um lado esse repentinamente desliza e vibra, batendo periodicamente contra o quadro-negro e produzindo o ruído característico. A medida que as vibrações diminuem, o atrito diminue e o giz volta a aderir ao quadro.

Quando se esquenta água para o café, o som da água me diz quando ele começará a borbulhar. Primeiro há um assovio que nasce e morre com um ruído desajustado. Somente quando a água realmente começa a borbulhar, o som se torna suave. Como explicar esses sons, especialmente a suavidade quando a água começa a borbulhar?

O primeiro som que aparece, quando o fundo está quente, é o formado por pequenas bolhas, cada uma contribuindo com um pequeno ruído que coletivamente assemelha-se a um assovio. Com o aquecimento favorecendo, as bolhas desprendem-se do fundo misturando-se na água aquecida e, sendo comprimidas, colapsam formando um ruído alto. Esse ruído continua até que a água esteja suficientemente aquecida facilitando as bolhas a estourarem na superfície da água. Então a água começa a borbulhar, e o ruído das bolhas chegando a superfície suaviza o som.

Em um campo de futebol molhado, um jogador chuta a bola em direção ao gol. Pode a bola obter maior velocidade se tocar a grama? Qual o efeito do atrito sobre a bola?

Toda força de atrito é uma força dissipativa, ou seja, faz com que o móvel perca energia. Portanto, nenhum corpo em movimento na presença de atrito pode ter sua velocidade e conseqüentemente sua energia cinética aumentadas. Em um campo de futebol levemente molhado, o atrito da bola com a grama pode diminuir um pouco e com isso a bola não é tão freada quanto no chão seco. Essa situação é parecida com outra de nosso quotidiano: escorregamos mais facilmente no chão liso levemente molhado porque o atrito entre a sola de nossos sapatos e o chão diminui. Já quando se formam poças de água no gramado, o efeito do atrito viscoso da água passa a ser muito maior. Lembre-se que o atrito viscoso é proporcional à velocidade do corpo em movimento. Esse tipo de lei de força de atrito não se aplica ao atrito com o ar. (Francisco Caruso - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/RJ)