CNN -
http://www.cnnemportugues.com/2000/tec/07/10/seti/index.html
site do SETI:
http://setiathome.ssl.berkeley.edu/home_portuguese_standard.html
10 de julho, 2000 11:31 AM hora de Nova York (1531 GMT)
Projeto SETI@home inspira novas aplicações

(IDG) -- Quando se tem uma enorme tarefa nas mãos -- como rastrear o universo em busca de sinais de vida inteligente -- toda a ajuda que se possa conseguir é bem-vinda.
Essa foi a idéia atrás do lançamento, em maio de 1999, do SETI@home, uma engenhosa aplicação de cálculo distribuído que poderia ter implicações de longo alcance -- para fins comerciais.
O SETI@home, um projeto custeado pelo Instituto SETI e outras organizações, recorreu à Internet -- e à imaginação das pessoas -- para organizar quase dois milhões de voluntários e seus computadores para a formação de um computador virtual de processamento paralelo.
A tarefa: analisar as ondas de rádio captadas pelo Radiotelescópio de Arecibo em Porto Rico, o que aparece no filme "Contato", de 1997. O objetivo: detectar o tipo de sinais de rádio provenientes dos confins do espaço que pudesse indicar comunicações de outros seres inteligentes no universo. A estratégia: utilizar conjuntamente tantos computadores no mundo quanto seja possível.
"A Internet permitiu essa união pela primeira vez na história da computação", disse David Anderson, o "guru" do grupo de cálculo distribuído do SETI. "De fato, podemos chegar a um grande supercomputador de processamento paralelo".
Sem interferência
Mais ainda, o software do SETI@home é executado conjuntamente com outros aplicativos ou como salva telas, de modo a não interferir com as tarefas normais do usuário.
Pode ser que a "busca de inteligência extraterrestre (search for extraterrestrial intelligence, SETI) não consiga encontrar vida fora da terra. Mesmo assim, já vem ajudando a promover uma mudança no que se pensamos sobre o potencial do cálculo distribuído. Quem propõe essa teoria afirma que, interligar os computadores através da Internet permitiria realizar tarefas de cálculo intensivo de longo prazo em áreas como aerodinâmica, farmacologia, geofísica e biotecnologia em relativamente pouco tempo.
"A utilização da Internet como um computador em massa de processamento paralelo faz possível certos projetos que alguma vez foram considerados irrealizáveis", diz Anderson.
"Pode ser que você queira fazer algumas análises que levariam cerca de 100.000 anos de tempo de cálculo para serem realizadas, fazendo com que você desista do projeto", explica.
Mas, em um ano, o SETI@home utilizou mais poder de cálculo que isso. "Assim, que essas idéias podem ser resgatadas do lixo e reconsideradas", diz.
"A idéia é simples", comenta Dave McNett, presidente de Distributed.net, "Tudo se trata de não desperdiçar os recursos -- executar um software de cálculo distribuído em seu computador e deixar-lhe usar os recursos que você não esteja utilizando".
A Distributed.net é uma fundação de pesquisas sem fins lucrativos, fundada em 1997 para competir em um concurso de criptografia. O grupo cresceu até juntar 20 programadores e coordenou uma rede de 190.000 máquinas (93 por cento das quais são PC) para quebrar códigos e resolver problemas matemáticos.
"Com essa classe de redes, muita coisa se torna possível, já que 90 por cento do poder de processamento da maioria dos computadores não é utilizado", explica McNett.
"Inclusive, quando os computadores estão em uso, a maioria das tarefas não utiliza a CPU (Unidade Central de Processamento) de maneira intensiva. O uso de uma planilha de cálculo, por exemplo, apenas é feito de uso intensivo quando se calculam as colunas.
Limites de aplicação
McNett reconhece que há muitas operações que um IBM RS/6000 pode fazer e que uma rede distribuída não.
"Não podemos fazer nada que faça uso intensivo de dados", explica. "Por exemplo, o prognóstico do tempo é difícil porque os dados estão muito interrelacionados".
O cálculo distribuído é melhor em tarefas como o cálculo de quadros em animação, onde cada um dos 30 quadros por segundo que vão em um filme como Toy Story são tarefas independentes que podem ser distribuídas entre milhares de computadores.
Tendo em mente essa classe de tarefas, o pessoal da Distributed.net está considerando os aspectos comerciais. Atualmente, as máquinas da Distributed.net equivalem a 42 RS/6000 de 144 nós, os computadores mais rápidos do mercado, a um custo líquido de cerca de 120 milhões de dólares (baseando-se na velocidade de cálculo decimal dos RS/6000 e dos Pentium II/266MHz, tipo de computador médio na rede distribuída).
"Estamos orgulhosos disso", diz McNett. "Mas, a quantidade potencial das máquinas faz empalidecer ao que temos atualmente".