Universidade Federal do Paraná
Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes
Departamento de História
História do Brasil II (HH061)
Professor responsável: Luiz Geraldo Silva.

Pano de boca executado para a representação extraordináriano Teatro da Corte (J. B. Debret, 1822)



B) Símbolos e emblemas do primeiro reinado



Esboço contendo os pavilhões do Império do Brasil, por Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Este serviu Dom João ao tempo do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e continuou servindo seu filho, D. Pedro I após a independência. Diferentemente do que reza lenda recente, o verde é a cor heráldica da casa real portuguesa de Bragança, ao passo que o amarelo é a cor da casa imperial austríaca de Habsburgo (ver Schwarcz 2000: 19). Sugere-se que o losango central, conservado até hoje, foi inspirado pelas bandeiras dos regimentos de Napoleão Bonaparte (ver abaixo).




Jaques Louis David (1748-1825). Serment de l'armée fait l'empereur... (1804). Note que as bandeiras dos batalhões possuem o mesmo losango dos pavilhões imperiais.




A relação de Debret com Napoleão era antiga. Veja-se por exemplo o quadro de sua autoria Napoléon ler saluant un convoi de blessés autrichians..., de 1805.




Esboço para a aclamação de Dom Pedro I, por Debret.




Esboço de cetro e coroa  imperais, por Debret. A serpe substitui o orbi, ao passo que a coroa alonga-se e ganha símbolos diferenciados.




Didaticamente, Debret procurou colocar lado a lado os símbolos da realeza do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e do Império do Brasil. Note-se as diferenças nas vestes reais: as cores vermelha cedem a verde, ao mesmo tempo que o manto transforma-se em poncho.




Estas distinções são melhor notadas comparando-se as vestes reais de ambos os soberanos, o do Reino Unido e o do Império do Brasil.




Dom Pedro I mantém rituais levados a efeito anteriormente por seu pai, como o do Beija mão. Esboço de Debret.




A imagem de D. Pedro I foi distribuída por todos as regiões do império à época de sua coroação, em dezembro de 1822.
Era possível vê-la em calendários, canecas e capas de livros. Desse modo, rituais de aclamação poderiam ser levados a efeito nas vilas mais remotas dispensando-se a  presença física do imperador (Souza 1999: 263 e ss).




Pano de boca executado para a representação extraordinária no Teatro da Corte por ocasião da coroação do Imperador do Brasil D. Pedro I, por Debret. Nele se vê, segundo o próprio Debret, vários símbolos que lhe foram encomendados nessa ocasião, os quais foram diretamente supervisionados por José Bonifácio de Andrada e Silva: "O governo imperial é representado, nesse trono, por uma mulher sentada e coroada". Abaixo dela se vê "uma cornucópia derramando frutas do país". A barca que se vê à esquerda está, ainda segundo o francês, "carregada de sacos de café e de maçoes de cana-de-açúcar". As pessoas ali representadas possuem um sentido especial: "Ao lado, na praia, manifesta-se a fidelidade de uma família negra em que o negrinho armado de um instrumento agrícola acompanha a sua mãe, a qual, com a mão direita, segura vigorosamente o machado destinado a derrubar as árvores das florestas virgens  e a defendê-las contra a usurpação, enquanto com a mão esquerda, ao contrário, segura ao ombro o fuzil do marido arregimentado e pronto para partir". Outras figuras são destacadas por Debret: "a indígena branca, ajoelhada ao pé do trono", um "oficial da marinha" e "um ancião paulista" que, "apoiado a um de seus jovens filhos que carrega o fuzil a tiracolo, protesta fidelidade"  (
Schwarcz 2000: 41).




Esboço do quadro alusivo a coroação, por Debret (detalhe). Note-se que há nessa imagem muitos aspectos do ritual napoleônico.



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