Re: Para refletir!!! (Chico Buarque é autoritário e mentiroso)
De: diniz@ufpr.br
Data: Qui, Outubro 5, 2006 9:56 am
Para: zé@ufpr.br (mais)
Um comentário sobre a mensagem do Zé e a entrevista do Chico Buarque, ambas ao final.
É verdade que não existem governos "totalmente limpos", mas é verdade também que há governos que são bem mais sujos do que outros. O governo Lula, bem ao contrário do que diz o Buarque, é sim o mais corrupto da história brasileira no período pós-redemocratização. Ele pergunta "cadê o corruptômetro"? Pois eu mostro dois: o Relatório Final da CPMI dos correios e a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra a "sofisticada organização criminosa" montada por petistas neste governo, denúncia essa que tomou por base principalmente as provas materiais apresentadas no Relatório da CPMI.
Querem ler um trecho da denúncia que demonstra cabalmente que o PT não só fez uso de um "esquema" que existia em escala estadual como ainda lhe deu funções e amplitude inéditas? Pois lá vai:
"Do financiamento de campanha com a utilização de recursos não contabilizados e também de origem não declarada que se iniciou na candidatura do atual Senador Eduardo Azeredo ao Governo de Minas Gerais em 1998, Marcos Valério e seu grupo evoluíram, a partir do início de 2003, em conluio com José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, Sílvio Pereira e outros, para a compra de apoio político de parlamentares". (SOUZA, Antonio Fernando Barros e Silva de. Denúncia no inquérito n. 2245. Brasília, Procuradoria Geral da República, 30 mar. 2005, p. 15)
Reparem que não foi FHC quem levou o esquema do Valério para o governo federal, mas sim o PT de Lula! Portanto, o governo Lula é o mais sujo da história recente do Brasil, sim.
Contudo, o mais grave é o perigo que o "mensalão" petista representa para a democracia. Como diz a denúncia da PGR:
"Conspurca-se a manifestação popular, base do sistema democrático, instituindo-se sistema de enorme movimentação financeira à margem da legalidade, com o objetivo espúrio de obter a compra de votos de parlamentares à custa do desvio de recursos públicos" (p. 16).
Mas é claro que o Buarque não se incomoda muito como isso. Afinal, ele é e sempre foi um admirador e defensor da ditadura cubana! Um grande poeta, compositor e escritor, sem dúvida, mas também um homem de idéias políticas autoritárias e desumanas, que nunca se incomodou com os fuzilamentos, torturas e prisões arbitrárias existentes em Cuba, mas que gosta de posar de defensor da democracia brasileira.
E o Buarque ainda tem a cara de pau de dizer que a imprensa critica mais a corrupção petista do que a dos tempos de FHC porque este contaria com a ajuda de "colunistas chapa branca", ao contrário de Lula! Essa é uma mentira deslavada. Ou alguém já esqueceu que a FOLHA chegou a defender o impeachment de FHC em matérias de duas páginas inteiras? E as revistas Carta Capital e QuantoÉ (digo, IstoÉ), que no governo Lula sobrevivem de propagandas pagas por estatais do governo Federal?
Se alguém quiser uma prova de como a IstoÉ não passa de um panfleto petista disfarçado, leia o texto "Como IstoÉ tornou-se IstoEra", em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=374IMQ004
Em suma, talento artístico não é sinônimo nem de lucidez política nem de honestidade intelectual! Buarque é autoritário e desonesto!
Ah, antes que eu me esqueça: preconceito de classe contra o Lulla? Essa é boa! O cara já deixou de ser operário faz uns 20 anos e vem levando um estilo de vida burguês, no mínimo, desde a época em que morava "de favor" na casa de um empresário amigo (o Roberto Teixeira, lembram?) e ainda viajava num jatinho desse amigão para ir pescar numa fazenda que ele tem no Pantanal. E o Lulinha, então? O cara saiu da condição de subempregado para a de empresário rico do setor de telecomunicações em apenas 2 anos - por coincidência, logo depois que o Lula virou presidente e a Telemar decidiu injetar R$ 10 milhões na Gamecorp, empresa do Lulinha. Realmente, a classe operária foi ao paraíso...
Querem saber qual é a classe do Lula? É a burguesia do capital alheio, como já definiu o sociólogo marxista Chico de Oliveira!
Enfim, idéias para refletirmos.
Diniz
Em Qua, Outubro 4, 2006 4:24 pm, zé@ufpr.br escreveu:
> Pessoal;
> A maior ingenuidade política de alguém é acreditar que existem governos e governantes totalmente limpos e isentos de criticas e acusações; e nosso país, infelizmente, é exemplar neste sentido. Ingenuidade também é acreditar que toda a crise brasileira dos dois últimos anos é uma criação do PT, como se ele governasse sozinho e não houve mais pessoas e políticos mal intencionados e pilantras no país! Mas nas eleições as pessoas têm a possibilidade de, sabendo desta contingência, escolher representantes em função de suas histórias e de seus compromissos; a escolha reflete, sobretudo, uma questão de classe, e evidencia qual é o lado que cada um se posiciona no curso da história, de que compromissos cada um defende. Neste sentido, e defensor da re-eleição do Lula para presidente do Brasil, encaminho esta breve entrevista realizada com o Chico Buarque para auxiliar-lhes a refletir sobre o futuro próximo de nosso país.
>Abs.
> Zé.
Chico Buarque: Lucidez e coerência
>> Por Altamiro Borges*
>> A cada uma de suas entrevistas, o compositor e cantor Chico Buarque de
>> Holanda sempre surpreende por sua lucidez e enorme coerência.
>> Agora, no lançamento do seu novo CD, "Carioca", ele novamente brilhou ao
>> falar sobre a situação política brasileira. A direita deve ter ficado
>> furiosa, com saudades dos tempos da ditadura militar que o perseguiu e
>> censurou; a esquerda "rancorosa" deve ter ficado ressentida com seus
>> irônicos comentários. Já os setores da sociedade que, mesmo críticos das
>> limitações do Governo Lula, não perderam a perspectiva, ganharam novo
>> impulso criativo para a sua atuação. Mas é melhor deixar o poeta falar,
>> pinçando trechos das suas entrevistas na revista Carta Capital e no jornal
>> Folha de S.Paulo:
> Sobre a crise política
> É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no Lula,
> abalou sobretudo o PT. Para o partido, esse escândalo é desastroso. O
> outro lado da moeda é que disso tudo pode surgir um partido mais correto,
> menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT a idéia de que você ou é
> petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano
> ou é burro (risos). Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só
> ao PT, mas principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se
> trata do governo mais corrupto da história do Brasil é preciso dizer
> 'espera aí'. Quando
> aquele senador tucano canastrão diz que vai bater no Lula, dar porrada,
> quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante - aí estão errando muito
> a mão. Governo mais corrupto da história? Onde está o corruptômetro? É
> preciso investigar as coisas, sim. Tem que punir, sim. Mas vamos entender
> melhor as coisas. A gente sabe que a corrupção no Brasil está em toda
> parte. E vem agora esse pessoal do PFL, justamente ele, fazer cara de
> ofendido, de indignado. Não vão me comover...
> Preconceito de classe
> O preconceito de classe contra o Lula continua existindo - e em graus até
> mais elevados. A maneira como ele é insultado, eu nunca vi igual. Acaba
> inclusive sendo contraproducente para quem agride, porque o sujeito mais
> humilde ouve e pensa: 'Que história é essa de burro? De ignorante? De
> imbecil?'. Não me lembro de ninguém falar coisas assim antes, nem com o
> Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! - até assassino eu já ouvi. Fizeram
> o diabo para impedir que o Lula fosse presidente. Inventaram plebiscito,
> mudaram a duração do mandato, criaram a reeleição. Finalmente, como se
> fosse uma concessão, deixaram Lula assumir. 'Agora sai já daí,
> vagabundo!'. É como se estivessem despachando um empregado a quem se
> permitiu o luxo de ocupar a Casa Grande. 'Agora volta pra senzala!'. Eu
> não gostaria que fosse assim. Eu voto no Lula! A economia não vai mudar
> se o presidente for um tucano. A coisa está tão atada que honestamente não
> vejo muita diferença entre um próximo governo Lula e um governo da
> oposição. Mas o país deu um passo importante elegendo Lula. Considero
> deseducativo o discurso em voga: 'Tão cedo esses caras não voltam, eles
> não sabem fazer, não são preparados, não são poliglotas'. Acho tudo isso
> muito grave. Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou.
> Acredito
> que, apesar de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para
> investir no social que o Lula tem mais condições de atender.. Vai ficar
> devendo, claro. Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso:
> 'Quero ser cobrado, vocês precisam me cobrar, não quero ficar lá cercado
> de puxa-sacos'. Ouvi isso dele na última vez que o vi, antes dele tomar
> posse, num encontro aqui no Rio.
> Sobre o PSOL
> Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista,
> ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito próxima
> do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando rompe sai
> cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão crescer para cima
> do PT e eventualmente ajudar O adversário do Lula.
> Papel da mídia.
> Não acho que a mídia tenha inventado a crise. Mas a mídia ecoa muito mais
> o mensalão do que fazia com aquelas histórias do Fernando Henrique, a
> compra de votos, as privatizações. O Fernando Henrique sempre teve uma
> defesa sólida na mídia, colunistas chapa-branca dispostos a defendê-lo a
> todo custo. O Lula não tem. Pelo contrário, é concurso de porrada para ver
> quem bate mais.
De: diniz@ufpr.br
Data: Seg, Outubro 9, 2006 7:04 pm
Para: zé@ufpr.br (mais)
Zé,
Vou responder apenas a uma parte da sua mensagem, senão minha resposta fica muito grande. Mas primeiro, um fragmento de entrevista que ajuda a explicar meu raciocínio.
FOLHA – “Há quem aponte que o partido sem ideais se tornou apenas um mecanismo de ascensão social de seus membros. O senhor concorda?”.
PAUL SINGER – “Eu não aceito que tenha acontecido com o partido. É algo que aconteceu [sic!], mas eu não quero. Claro que não é um problema que as pessoas tenham melhorado de vida honestamente por causa do PT, mas não criamos o PT para resolver o problema dos petistas. O partido foi criado para ajudar nas lutas sociais e populares. O fato de o partido ter sido usado como máquina de ascensão social hoje está mais claro para nós, militantes do PT”.
Folha de São Paulo, 13 de fevereiro de 2006.
Bem, se votar for mesmo uma questão de classe, então Lula não merece votos de quem se diz do lado dos trabalhadores, já que ele não passa de um burguês do capital alheio.
Os exemplos que forneci antes para demonstrar isso chamavam atenção para o estilo de consumo burguês que ele já leva desde, pelo menos, meados da década passada, bem como ao enriquecimento recentíssimo do Lulinha, mas isso não quer dizer que eu tenha definido classe apenas com base nisso! É só lembrar as referências que fiz ao fato de que era o empresário e amigão do peito Roberto Teixeira quem custeava as mordomias que mencionei (o mesmo Teixeira que participou da compra da Gamecorp, empresa do Lulinha, pela Telemar).
Por que isso é importante? Por que eu quero acusar Lula de fazer tráfico de influência em benefício do Teixeira, conforme foi denunciado em 95 pelo então petista Paulo de Tarso? Não é o caso, embora a minha suspeita nunca tenha sido dirimida e o escândalo do mensalão, conforme escreveu Tales Alvarenga, sugira que o “esquema” denunciado por Tarso passou da escala estadual para a federal quando Lula chegou ao poder.
O meu ponto é mostrar que os petistas hoje se constituem numa burguesia do capital alheio porque são pessoas que fazem militância sindical e partidária com o objetivo de ocupar posições de poder que lhes permitam articular os fundos públicos com o grande capital. E fazem isso com o objetivo único e exclusivo de subir na vida, de ascender a um modo de vida burguês, não havendo portanto necessidade alguma de “superação do capitalismo” para atingirem seus objetivos! (No caso do Lulinha, trata-se de um burguês exatamente no sentido clássico que a teoria marxista lhe dá: um detentor dos meios de produção que, por isso mesmo, explora trabalho alheio, certo?).
Sim, essa é uma análise inspirada nas idéias do sociólogo Chico de Oliveira, embora eu discorde dele em vários pontos. Mas o exemplo que ele dá para representar essa nova classe é perfeito: Luiz Gushiken! Um sindicalista que se especializou em fazer política para conquistar a direção de fundos de pensão de estatais e que melhorou muito de vida nesse processo (independentemente de fazer ou não parte da quadrilha denunciada pela Procuradoria Geral da República). Um outro exemplo muito bom é o Jair Menegueli: com um salário superior a R$ 21.000 mensais, pra quê socialismo? E seguimos com Delúbio, Silvinho, Berzoine, Henrique Pizzolato...
Ora, a explicação do Chico de Oliveira para o fato do governo Lula ser "o terceiro mandato de FHC" é que esses petistas não são mais representantes do operariado, mas sim de uma nova classe social formada por técnicos e burocratas que se especializaram em fazer a mencionada articulação do fundo público com o grande capital. Faz sentido, não faz?
Mas, claro, você afirma que "diferentemente do governo anterior e da trajetória do Alckmin, os resultados auferidos pela classe baixa da população durante o governo dele [Lula] são incomparavelmente melhores, o que evidencia parte dos compromissos de classe que ele ainda sustenta...". Ora, mas se a política econômica do governo atual é a mesma do anterior e a agenda de reformas estruturais também é em parte herdada de FHC (embora Lula só tenha feito uma reforma parcial da Previdência), como é que os resultados podem ser melhores?! A mesma política gera resultados diferentes dependendo de quem é o presidente?! Isso não tem a menor lógica e eu não sei que indicador estatístico você está usando para fazer tal afirmação.
Na seqüência, você reproduz um texto do Renato Janine Ribeiro, um militante petista travestido de intelectual público. O sujeito mente na maior cara dura! Que papo é esse de que a economia estava indo mal quando a "direita" mandava e o governo de "centro-esquerda" fez baixar o dólar e o risco Brasil? Se a política econômica é a mesma, então é óbvio que as melhoras que ele aponta foram produzidas pelo continuísmo, não por mudanças! Como eu já indiquei em outra mensagem: o dólar e o risco Brasil dispararam em 2002 porque o mercado temia a eleição de um sujeito que passou 20 anos dizendo coisas do tipo "não podemos, não queremos e não devemos pagar a dívida externa" (sic)!!! Um sujeito que, ainda em 2001, disse que o FMI tinha passado "10 anos saqueando a argentina" (sic)!!!
Então é óbvio que, na medida em que esse sujeito jogou no lixo suas bravatas e deu continuidade à política econômica de FHC, tudo voltou ao normal!!
Não sei quem é pior em matéria de desonestidade intelectual: Renato Janine Ribeiro, Marilena Chaui ou Chico Buarque!
Em Sex, Outubro 6, 2006 11:33 am, zé@ufpr.br escreveu:
> Meus caros;
> Legal toda esta discussão acerca da eleição para presidente, é sinal de que estamos crescendo ao pensar o futuro do país... mas é também preciso pensar sobre a confusão aqui no Paraná: Requião X Osmar Dias demanda uma discussão, vcs não acham? Voto no Lula e insisto que é uma questão de classe... não naquele sentido de que (por ser de origem humilde) ele devesse sentar no banco do presidente vestido de camiseta do Guevara, sandália havaiana e ir à Brasília andando de jegue!!! Já basta a insanidade da Heloisa Helena e sua tropa. Mas, diferentemente do governo anterior e da trajetória do Alkmin, os resultados auferidos pela classe baixa da população durante o governo dele são incomparavelmente melhores, o que evidencia parte dos compromissos de classe que ele ainda sustenta...
[...]
Abs.
> Zé.
>> Democracia é maior que qualquer um de nós
>> (artigo publicado na Folha de S.Paulo em 01/10/06)
>> Eleição não é luta do bem com o mal. É comparação. Voto em Lula
>> porque, a meu ver, seu governo melhorou o Brasil. Ele recebeu o país
>> com uma agenda ditada pela direita, que reduzia quase tudo à
>> política econômica, ou pior, à monetária e à fiscal; um país que, no
>> fim de 2001, não cumpria mais o Orçamento, sem dinheiro nem para
>> pagar passagens de ministros, com o dólar a R$ 4 e um risco-Brasil
>> enorme. Ora, o governo de centro-esquerda foi capaz de acalmar a
>> economia, de baixar o risco, de aumentar as exportações, enfim, de
>> cumprir uma agenda econômica que não era sua prioridade, nem a dos
>> movimentos populares, e isso sem privatizar nada, sem desfazer o
>> patrimônio público.
>> Mais, ainda: Lula colocou na política brasileira, de modo
>> definitivo, uma agenda social importante. E com êxito. Segundo Maria
>> Inês Nassif
>> ("Valor Econômico", 24/8), o maior rigor em programas como o
>> Bolsa-Família e os do Ministério das Cidades "desintermediou o voto
>> da população pobre, que antes passava pelo chefe local". Se isso é
>> certo, não há paternalismo na atual política de promoção social.
>> Não
>> adianta ficar inventando que Lula se proclamou "pai dos pobres".
>> Alguns jornalistas dizem isso, mas nunca informam quando o
>> presidente teria usado uma linguagem tão contrária a suas crenças para se referir a
>> si próprio. Tudo indica que há menos paternalismo agora do que antes.
>> É engraçado: quando se banhava de dinheiro o grande capital
>> (empréstimos do BNDES a juros baixos para privatizar estatais), a
>> opinião dominante chamava isso de progresso, mas, quando se dá
>> dinheiro aos mais pobres, para comerem e se vestirem melhor, a mesma
>> opinião dominante entende que dinheiro nas mãos de pobres não
>> presta.
>> Discordo disso.
>> Quero uma sociedade democrática. Isso significa, em primeiro lugar,
>> o fim da miséria, a redução da desigualdade social. No horizonte
>> político brasileiro, não vejo força melhor que a coligação de
>> esquerda para promover esse salto qualitativo. Ela tem sido capaz de
>> melhorar as condições sociais com uma temperatura baixa de
>> conflitos, ao contrário do que diziam seus detratores. O país não
>> pegou fogo. O saldo do governo é positivo: a questão social está
>> sendo bem orientada.
>> Agora vamos à questão ética.
>> No governo atual o procurador-geral não engaveta processos, a
>> Polícia
>> Federal age, CPIs funcionam. Já seu principal adversário impediu 60
>> CPIs de funcionar na Assembléia paulista, deixou uma política de
>> segurança prepotente e ineficaz (porque acabamos sob o domínio do
>> PCC)
>> e uma política de educação que não é das melhores. Eleição é
>> comparação. Não vejo no governo Alckmin superioridade ética sobre o
>> governo Lula.
>> Contudo, há satisfações que o PT deve à sociedade. Os escândalos
>> mostram que ele é um partido mais "normal" do que imaginava ser.
>> Humildade não faz mal. O PT tem seus defeitos. Deve contas ao
>> Brasil.
>> Tem de fazer uma faxina interna e punir quem errou. Mas, ainda
>> assim, consegue governar melhor que os outros. Aliás, seria bom o
>> país todo fazer um exame de consciência. Com o financiamento privado
>> de eleições, a porta se escancara para a negociata. Deveríamos
>> priorizar em 2007 a reforma política, com fidelidade partidária,
>> condições mais equilibradas de financiamento às candidaturas e
>> talvez até o voto distrital.
>> Uma eleição não é uma guerra. Amanhã e sempre, teremos de conviver,
>> quem votou em Lula ou nos outros candidatos. Precisa cessar o
>> terror discursivo, a ameaça ao voto universal. Este é o segundo
>> ponto em que desejo uma sociedade democrática. Democracia significa
>> respeitar o discurso do outro. Nas eleições, as pessoas se exaltam,
>> mas é desonesto deformar o que o outro disse. Muito do que hoje se
>> conta sobre o PT ou sobre quem o apóia, como eu, é uma enorme
>> caricatura. Isso amesquinha a política, que deve ser
>> arena de adversários, não de inimigos.
>> Esse clima envenenado não ajuda o de que mais precisamos, não nós
>> da esquerda, mas nós brasileiros: construir alianças, trabalho em
>> conjunto, convergências. A sociedade é maior que a política. O
>> Brasil
>> é maior que os partidos. A pequena ambição não pode erodir nossas
>> oportunidades.
>> Podemos enfrentar a miséria, melhorar a educação e a saúde,
>> integrar os excluídos. Penso que Lula é o mais adequado, hoje, para
>> dirigir o governo neste rumo mas penso também que este tem de ser um
>> projeto de sociedade, e não apenas de governo. Não estamos, hoje,
>> terceirizando a solução de nossos problemas. Estamos elegendo o mais
>> apto a dirigir um esforço que deve ser maior do que ele e do que
>> qualquer um de nós.
>> RENATO JANINE RIBEIRO , professor de ética e filosofia política na USP, é diretor de avaliação da Capes e autor de, entre outras obras, "A Sociedade Contra o Social - O Alto Custo da Vida Pública no Brasil" (Companhia das Letras).
>> Por que vou votar em Lula
>> (artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 01/10/06)
>> Quando se julga um governante com a perspectiva de reelegê-lo, o
>> critério a ser adotado para a decisão do voto deve ser racional.
>> Trata-se de fazer um balanço dos resultados. Ao analisar os
>> principais indicadores governamentais, como políticas sociais,
>> geração de emprego, combate à pobreza, elevação dos salários e da
>> renda, combate ao crime organizado, desempenho da economia, das
>> exportações, controle da inflação, preços dos alimentos, acesso ao
>> crédito, contas públicas, entre outros, não resta dúvida de que o
>> governo Lula produziu resultados melhores do que os do governo
>> Fernando Henrique,
>> do PSDB.
>> O sentido ético da ação de um governo deve se traduzir em
>> resultados. Tais resultados devem indicar um incremento positivo da
>> liberdade, da justiça e da eqüidade. Na medida em que sob o atual
>> governo, milhões de pessoas saíram da linha da pobreza ou tiveram
>> suas condições de vida melhoradas e mais acesso a bens como educação
>> e cultura, a perspectiva da continuidade e aprofundamento deste
>> processo me motiva a votar em Lula.
>>
>> Mas voto também com a expectativa de que Lula saiba encontrar um
>> caminho para promover, de forma adequada, a manutenção da
>> estabilidade econômica com o desenvolvimento econômico e social,
>> sinalizando um projeto estratégico para o Brasil.
>>
>> Outra expectativa é a de que ele promova um pacto de
>> governabilidade com os governadores que serão eleitos pela oposição,
>> colocando o interesse público acima das querelas partidárias. Espero
>> que ele apóie a realização de uma profunda reforma política, com um
>> sentido moralizador e modernizador das instituições, capaz de
>> afirmar os partidos e os programas e de imprimir mais eficácia na
>> coordenação política e nas decisões governamentais.
>>
>> Os integrantes do novo governo devem saber distinguir claramente o
>> público do privado, o público do partidário. Espero que Lula afaste
>> do governo auxiliares interesseiros, e que convoque, para auxiliá-lo
>> e assessorá-lo, pessoas responsáveis, capazes, despojadas e dotadas
>> de espírito republicano.
>>
>> Alimento a esperança de que o segundo mandato tenha um sentido
>> reformador, e que eleve o País para um patamar mais justo e
>> desenvolvido. Tenho a convicção de que quando se escolhe um
>> governante deve se escolher alguém que tenha a perspectiva de ser
>> um líder político, um chefe de Estado e não um mero gerente. Penso
>> que a média das minhas expectativas é igual à média das expectativas
>> de todos os eleitores de Lula. Se for reeleito, Lula tem uma
>> obrigação e dever para com o programa de seus eleitores e para com
>> as demandas de dignidade de todos os brasileiros.
>>
>> Aldo Fornazieri é professor de Política da Fundação Escola de
>> Sociologia e Política de São Paulo - Fespsp.
De: diniz@ufpr.br
Data: Sex, Outubro 13, 2006 10:00 am
Para: zé@ufpr.br (mais)
Zé,
Aqui vai o comentário sobre a outra parte da sua mensagem.
De início, completo a discussão sobre a tal "questão de classe" indagando o seguinte: por que alguns geógrafos petistas ridicularizam a Heloísa Helena, como você fez abaixo, se o discurso e as propostas dela estão muito mais próximas das idéias dos geógrafos do que o PT de Lula? O Ab'Saber foi coerente: desceu o malho no governo Lula por haver contrariado todas as bandeiras históricas do partido e, no primeiro turno da eleição, apoiou Heloísa Helena! Deve votar em Lula agora, com o argumento (equivocado, mas coerente) de que elle é "menos pior" do que o Alckmin. Mas não há como negar que o PSOL está mais próximo do radicalismo dos geógrafos (o tema da reforma agrária mostra isso muito bem) do que o PT.
Sobre o Buarque, também não é minha intenção discutir o talento artístico dele, pois esse é indiscutível mesmo. Contudo, é preciso notar que, como comentarista político, ele não passa de um pitaqueiro autoritário, hipócrita e mentiroso. O fato de ele dizer que a imprensa ataca mais o governo atual do que o anterior não é uma mentira deslavada, como eu apontei antes? Apoiar Cuba e se dizer a favor da democracia no Brasil, não é ser autoritário e hipócrita? Por fim, assinalo que até não tem tanto problema ser fã incondicional do Buarque; problema mesmo é ser eleitor incondicional do PT, como acontece com os geógrafos petistas, que votavam no partido quando ele atacava o "neoliberalismo" e continuam votando mesmo depois do partido haver aderido a tudo o que os próprios geógrafos petistas chamavam de "neoliberalismo".
Quanto a acusar Alckmin de autoritário por ele ter "origem política junto ao governo da ditadura militar", simplesmente não sei do que você está falando. Pelo que li, ele começou sua carreira política no MDB. Posteriormente, sua atuação como deputado, vice-governador e governador, a meu ver, foi absolutamente coerente com o que se espera de alguém comprometido com os valores democráticos. Bem ao contrário dos petistas, que nunca deram nenhuma contribuição à democracia (muito pelo contrário!).
Em Sex, Outubro 6, 2006 11:33 am, zé@ufpr.br escreveu:
[...]
>Já basta a insanidade da Heloisa Helena e sua tropa. Mas, diferentemente do governo anterior e da trajetória do Alckmin, os resultados auferidos pela classe baixa da população durante o governo dele são incomparavelmente melhores, o que evidencia parte dos compromissos de classe que ele ainda sustenta... mas as palavras da Helena e do texto anexado na mensagem do Fabiano são bem diretos e falam muito. Bem, não vou discutir sobre a honestidade, autoritarismo, capacidade poética, etc. do Chico Buarque, de quem sou fã incondicional! Nosso debate não é sobre ele.... Mas, dizer que ele é autoritário por apoiar Cuba/Fidel, e defender o Alckmin que tem origem política junto ao governo da ditadura militar no Brasil parece-me, no mínimo, confuso!!! Bem, para irmos avançando na nossa discussão envio, abaixo, dois textos para refletirmos.
>Abs.
>Zé.