Re:
Discurso do Alckmin
De:
diniz@ufpr.br
Data: Ter, Outubro 17, 2006
5:05 pm
Para: ademir@ufpr.br
CC: diniz@ufpr.br (mais)
E qual é o
problema do dito discurso do Alckmin?
Aliás, ainda
bem que dessa vez você citou a fonte do texto que está repassando
(abaixo):
Bernardo Kucinski. Um jornalista do PT que já expressou muito bem a
visão autoritária que o partido dele possui da imprensa, em documentos
nos quais procura instruir os membros do governo sobre como se
relacionar com a mídia.
De qualquer
forma, Alckmin tem toda a razão em dizer que Lula extrai parte de sua
popularidade do velho mito de que
certos indivíduos são portadores de superioridade moral e/ou cognitiva
para dar resposta aos problemas sócio-econômicos unicamente por causa de
sua origem social. Um mito que, acrescento eu, tem origem em certas
correntes marxistas e também na tradição populista brasileira. Vejamos
uns exemplos que demonstram cabalmente o modo como Lula sempre alimentou
esse tipo de visão equivocada para ganhar votos:
LULA É
POPULISTA E AUTORITÁRIO
Luiz Inácio
Lula da Silva
"Possivelmente todos eles [os presidentes anteriores] leram muito mais
livros do que eu, possivelmente eram até mais inteligentes. O que não
tinham era ligação sentimental e de coração com os problemas do povo. É
uma coisa chamada liga, chamada sangue".
• O Estado de
São Paulo, 11 de novembro de 2005.
Roberto
Romano
"A política é
feita metade de razão e metade de emoção. Você não pode deixar que
ocorra a supremacia do emocional. Ao forçar demais o pêndulo para o lado
do indivíduo, deixa-se de fazer política para criar uma fé. A fé é
perigosa. Remove montanhas, mas também joga bombas e impõe censura".
Filósofo e professor de ética política.
• Veja, 16 de
fevereiro de 2005.
Fernando
Gabeira
"Faço a minha
autocrítica. Blindamos o Lula com o argumento de que as pessoas que
achavam que ele dizia coisas sem sentido eram preconceituosas. Temos que
acabar com o elogio da ignorância".
Deputado Federal eleito pelo PT
(hoje no PV)
• Folha de
São Paulo, 04 de setembro de 2005.
POPULISTA
TOMA O SANTO NOME EM VÃO (RÁ, RÁ, RÁ)
Luiz Inácio
Lula da Silva
"Se eu
ganhasse a Presidência para fazer o mesmo que o Fernando Henrique
Cardoso está fazendo, preferiria que Deus me tirasse a vida antes. Para
não passar vergonha. Porque sabe o que acontece? Tem muita gente que tem
o direito de mentir, o direito de enganar. Eu não tenho. Há uma coisa
que tenho como sagrada: é não perder o direito de olhar nos olhos de
meus companheiros e de dormir com a consciência tranqüila de que a gente
é capaz de cumprir cada palavra que a gente assume. E, quando não as
cumprir, ter coragem de discutir por que não cumpriu".
• Caros
Amigos, novembro de 2000.
Cristovam
Buarque
"O Lula vem
usando a liderança dele para vender o projeto de FHC".
Do então senador
pelo PT-DF (hoje no PDT) e ex-ministro da Educação do governo Lula.
• Folha de
São Paulo, 22 de maio de 2005.
Francisco de
Oliveira
"[O governo
Lula] é o terceiro mandato de FHC".
Sociólogo e
um dos fundadores do PT, em artigo no qual justifica sua desfiliação.
• OLIVEIRA, Francisco de. Tudo o que é sólido se desmancha em... cargos.
Folha de São
Paulo, 14 de dezembro de 2003.
ESSA CADA
UM JULGA POR SI
Luiz Inácio
Lula da Silva
"O
assassinato do Celso Daniel foi crime comum".
• Entrevista
concedida ao Fantástico, em 01 de janeiro de 2006.
Bruno Daniel
"Quem aceita
a tese de crime comum aceita a tese de que não houve tortura [...] e
outras seis pessoas assassinadas".
Irmão do
prefeito assassinado Celso Daniel, no depoimento na CPI dos Bingos, em
06 de outubro de 2005.
• Primeira
Leitura. Acessível em <http://www.primeiraleitura.com.br>
Acesso em 09 de outubro de 2005.
Em Ter, Outubro 17, 2006 2:22 pm, Moreira
escreveu:
> O que dizer desse discurso????
>
>
> Abraços,
>
>
> Moreira
>
>
> 05/10/2006 - 18:59
> Discurso de Geraldo Alckmin, em agradecimento aos “apoios recebidos”
> durante a campanha no primeiro turno das eleições para presidente da
> república.
>
>Viva a Liberdade de Imprensa
>
> "Quero agradecer, em primeiro lugar, aos meus companheiros de partido
de
> São Paulo. Foi graças a São Paulo que estamos virando o jogo. E
agradecer
> a meus irmãos da Opus Dei que me confortaram nos piores momentos da
> campanha até aqui. Mas quero agradecer acima de tudo aos jornalistas
> brasileiros, sem os quais seria impossível desconstruir esse
verdadeiro
> mito da política que estamos enfrentando. Parecia uma tarefa
impossível.
> O arquétipo do "pai dos pobres" estava profundamente enraizado no
> imaginário popular. Mas certos preconceitos também estavam e a
imprensa
> foi muito feliz em fazer aflorar esses preconceitos. Lembro a todos a
> associação dos petistas a ratos através do poder da imagem, na capa de
> VEJA que vocês todos conhecem (1). Vários jornalistas, trabalharam
essa
> associação depois por escrito, com grande sucesso.(2) Foi um risco
> calculado, usar mesma técnica que Goebbels usou no seu filme " O judeu
> eterno", para convencer os alemães de que os judeus deveriam ser
> exterminados. Mesmo porque, não se trata da eliminação física dos
nossos
> adversários ou dessa raça, como disse equivocadamente, o nosso amigo
> senador Bornhausen. Mas se trata, sem dúvida, de sua erradicação da
> política brasileira. Outra associação importante foi com o conceito de
> "quadrilha." Arnaldo Jabor foi muito eficaz quando escreveu que "com a
> eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões
de
> dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. " A
> própria palavra "petista" já está adquirindo uma conotação pejorativa.
É,
> sem dúvida uma grande vitória na batalha pelas mentes e corações dos
> brasileiros... (interrupção por aplausos prolongados).
>
> "Não importa se no final dos inquéritos em curso, não ficar provada
> corrupção no governo, ou que o dinheiro do mensalão não veio dos
cofres
> do Estado, ou que a maioria dos esquemas de corrupção começou no
governo
> anterior. Os jornalistas brasileiros agiram bem ao ignorarem
formalismos
> como o da presunção da inocência ou o do direito à auto-imagem. E mais
> ainda ao cunharem a expressão "mensaleiro" que estigmatiza por igual
toda
> uma categoria de políticos, independente do grau ou tipo de
envolvimento
> de cada um. Foi através de abordagens corajosas como essas, ignorando
a
> superada ética jornalística liberal, que conseguimos inculcar em
grande
> parte do eleitorado a idéia da quadrilha (3) ( aplausos).
>
> "Da mesma forma, com a expressão "Nosso guia", a imprensa conseguiu
> associar sutilmente a figura desse falso "pai dos pobres" à dos
ditadores
> comunistas, Stalin, Mao e Enver Hoxa. (4) Com isso personalizamos a
idéia
> geral que já havíamos conseguido disseminar antes, de que essa gente é
> autoritária por natureza. Também conseguimos convencer boa parte do
> eleitorado de que esse "pai dos pobres", não tem educação nem cultura,
é
> um ignorante.E não foi fácil, dada a propensão do povo de respeitar as
> autoridades. Muitos jornalistas contribuíram para isso e a todos eles
eu
> agradeço.(5) A idéia de que se trata de um ignorante pegou fundo e
hoje é
> encampada inclusive por intelectuais, como o dramaturgo Lauro Cezar
Muniz
> que em declaração de grande destaque na Folha Ilustrada, explicou como
"
> a falta de escolaridade impede a pessoa de entrar em contato com a
> lógica" e que por isso nosso adversário "não tem clareza para governar
o
> Brasil."(6)
>
>
> "A imprensa estrangeira também ajudou. Quero lembrar a vocês o artigo
do
> New York Times sugerindo que o mito é um alcoólatra. A primeira reação
do
> povo foi repudiar o jornalista americano, por aquele motivo que já
> mencionei, o respeito à autoridade, ainda mais quando atacada por um
> estrangeiro. Mas graças ao desastrado gesto de sua expulsão e
posterior
> ajuda de alguns de nossos mais brilhantes jornalistas, conseguimos
> reverter esse quadro e hoje posso assegurar a vocês, são muitos os
> brasileiros que acreditam na tese do alcoolismo. Agradeço em especial
ao
> diretor da sucursal da Folha em Brasília , que através de pesquisa
> cuidadosa nos mostrou que o alcoolismo está no DNA da família Silva.
(7)
> Finalmente quero mencionar o brilhantismo com que alguns jornalistas
> trabalharem a delicada idéia de esse pai dos pobres e os petistas em
> geral são tipos patológicos. VEJA foi pioneira ao dizer que "Lula tem
> dificuldades patológicas em compreender o que lhe pertence e o que
> pertence e ao Estado." (8) E Diogo Mainardi, comparou Lula ao Papa
> Léguas, "uma besta primária, um oportunista microcéfalo perfeitamente
> adaptado ao seu meio, que sabe apenas fugir das ciladas preparadas
pelo
> coiote." (9) Quero mencionar, em especial o artigo de José Neumanne
> Pinto: "Freud, Lombroso e Jung no Planalto", publicado às vésperas da
> eleição, no jornal mais importante do país, O Estado de S.Paulo (10).
> Hoje, como vocês sabem, há um retorno ao paradigma genético, portanto
ao
> modelo lombrosiano. Meus irmãos da Opus Dei, a propósito, nunca
> abandonaram a abordagem lombrosiana. O artigo de Neumanne foi tão
> importante que o colocamos no nosso site. Enfim, sei que deixei de
> mencionar dezenas de jornalistas que também contribuíram para o
combate
> ao mito. A todos agradeço de coração. E os conclamo a continuar a
lauta.
> O mito foi duramente atingido, mas ainda não morreu. Nossa tarefa é
> destruí-lo. (aplausos prolongados, gritos de Viva a Liberdade de
> Imprensa, Viva São Paulo.)
>
>
> - Fim do discurso de agradecimentos.
> Bernardo Kucinski
>
>
>
> (1) VEJA, 25/05/2005.
>
>
> (2) Entre eles, André Petry em VEJA, de 24/06/06( " De ratos e
homens")
> .e Rubens Alves na Folha de S. Paulo, de 18/04/2006 (" Os ratos e os
> elefantes")
>
> (3) O Código de ética dos jornalistas brasileiros, aprovado em
congresso
> nacional da categoria e em vigor desde 1987, diz nos seus artigos 14 e
> 15: Art. 14. O jornalista deve: a) Ouvir sempre, antes da divulgação
dos
> fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas
por
> terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas. b) Tratar
> com respeito a todas as pessoas mencionadas nas informações que
divulgar.
> Art. 15 - O jornalista deve permitir o direito de resposta às pessoas
> envolvidas ou mencionadas em sua matéria, quando ficar demonstrada a
> existência de equívocos ou incorreções.
>
> (4) A expressão foi repetidamente aplicada por Elio Gaspari em sua
coluna
> e hoje já é usada por outros jornalistas.
>
> (5) Reinaldo Azevedo chama o presidente de "analfabeto", na epígrafe
de
> seu site; Miriam Leitão, no O Globo, de 11/09/05, dedicou toda uma
coluna
> à "falta de escolaridade do candidato do partido dos Trabalhadores"; e
> Sonia Racy, no Estadão de 19/01/06, concluiu que ao se referir ao
Uruguai
> e Paraguai como " nossos irmãos mais pequenos", Lula revelou sua
> ignorância do vernáculo, quando a ignorância na verdade era dela, pois
> segundo a gramática de André Hildebrando de Afonso a expressão é
correta
> e de uso corrente em várias regiões.
>
> (6) Folha Ilustrada, 07/03/2006. Cezar Muniz parece ignorar que o
> raciocínio lógico é inerente ao cérebro humano. Até mesmo os loucos
> raciocinam com lógica. O que muda é o conteúdos do raciocínio,
conforme
> se trate de um saber cientifico, ou religioso, popular, ou
supersticioso.
>
>
> (7) Josias de Souza, Folha de São Paulo, 16/05/04: "Alcoolismo marca
três
> gerações dos Silva."
>
> (8) VEJA, 12/07/06.
>
>
> (9) 28/06/06
>
>
> (10) OESP, 20/09/06
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