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Carta a AAE (02/06)
Estamos sem dinheiro!
Essa frase não é novidade pra ninguém dentro da Universidade. Mas
até o ano passado era possível ter apoio para que os estudantes
fossem apresentar trabalhos acadêmicos em eventos e congressos, era
possível ter apoio para a realização de uma Semana Acadêmica e ainda
era possível conseguir alguns recursos para que os estudantes
participassem de eventos regionais e nacionais de seus cursos. Onde
foi parar este dinheiro em 2007?
A
Assessoria de Assuntos Estudantis, que é a responsável pelo apoio
financeiro a todos estes eventos, no ano de 2007 mudou sua dinâmica
de distribuição de recursos, fazendo a divisão do dinheiro de forma
paritária entre todos os CA´s, porém sem sequer avisar os centros
acadêmicos e sem nenhum tipo de divulgação dessa nova distribuição.
Na primeira quinzena de maio o CACS descobriu, em conversa informal,
que já teria utilizado mais de 2 terços de seu recurso anual, não
tendo, assim, recursos para enviar ônibus para ERECS, ENECS e ANPOCS,
nem mesmo para passagens de estudantes que irão apresentar trabalhos
acadêmicos em congressos, nem para auxiliar na organização da Semana
Acadêmica. Neste sentido, também obtivemos a informação de que o
DCE da UFPR teria recebido a importância de 60 mil reais para a
realização dos festivais de banda e de cultura, que se
realizarão em junho e agosto deste ano. Este valor para a realização
destes eventos é absurdo, já que desfalca assim a verba destinada
aos centros acadêmicos e coloca como prioridade da AAE e do DCE
festivais musicais gigantescos, que despendem muito mais recursos do
que o necessário, em detrimento de eventos acadêmicos.
É
necessário que se esclareça, em primeiro lugar, que os Centros
Acadêmicos contam, neste ano, com apenas 4 mil reais de auxilio da
AAE, para custear todos os itens antes relacionados. Este recurso,
inclusive, já contém o dinheiro que advém dos aluguéis de cantinas e
xérox, numa clara tentativa da AAE de cooptar os Centros Acadêmicos
a agirem contra as deliberações do Congresso dos Estudantes da UFPR
de 2006. Esta manobra, está claro, não se deve a falta de
recursos (já que até ano passado havia recursos para todas essas
necessidades) , mas sim a uma tentativa golpista da AAE de, não só
limitar, mas também cooptar os Centros Acadêmicos. Com a
restrição dos recursos, fica evidente que a AAE "empurra" os CA´s
para a obtenção destes recursos em outras instâncias da UFPR, tais
como FUNPAR e cursos de especialização pagos, o que, além de ferir a
autonomia do movimento estudantil, vai contra a concepção de
Universidade Pública que temos...e esta é, claramente, a intenção da
AAE.
Todos sabemos da importância dos eventos acadêmicos para a formação
dos estudantes, por isso é mais do que necessária a colocação de
verbas específicas para o apoio a este tipo de evento. Após nossa
indignação com a falta de recursos para este fim, fomos informados
que a PROPLAN destinou a quantia de 23 mil reais para passagens de
alunos que irão apresentar trabalhos acadêmicos em 2007. Essa
destinação é mais do que necessária e é importante que esta quantia
seja gradativamente aumentada, já que esse tipo de evento é de
extrema importância e diz respeito a todos os estudantes da UFPR.
Porém, 4 mil reais, para os CA´s que precisam organizar Semanas
Acadêmicas, ônibus para congressos e encontros, além dos eventos que
os CA´s normalmente organizam é uma quantia que beira o ridículo!
Nós, como estudantes e como centros acadêmicos, não podemos aceitar
que uma Assessoria que deveria apoiar estes eventos nos force a
escolher se queremos verba para a Semana Acadêmica ou se vamos
participar de congressos e encontros de nossos cursos. Este tipo de
escolha, além de cruel, desmobiliza o movimento estudantil e faz com
que a responsabilidade, que é da Universidade, de auxiliar estes
eventos, recaia sobre os estudantes, que passam então a competir por
migalhas de verbas entre si e com os outros centros acadêmicos.
Lamentamos que esta gestão do DCE, além de despender tantos recursos
para seus eventos, tais como os festivais previstos, ainda seja
conivente com este ranqueamento de prioridades, que quer que os
Centros Acadêmicos escolham entre o imprescindível e o inadiável.
Além disso, o DCE divulgou um aumento de 80% nas verbas para a
Assessoria estudantil, porém, o que não divulgou é que 75% deste
aumento foi direto para os eventos do próprio DCE, ou seja, para os
centros acadêmicos e para a maioria dos estudantes pouco sobrou.
Precisamos também ter muito cuidado com este dinheiro que foi
destinado para os CA´s, já que, como sabemos, infelizmente muitos
CA´s não utilizam o dinheiro da AAE por falta de organização ou de
informação e o que pode acontecer é que em novembro sejamos
informados de uma nova distribuição de recursos, não nos sobrando
mais tempo para utilizá-los. Aliás, está é uma prática constante na
Universidade, fazendo com que várias verbas sejam realocadas as
pressas para a FUNPAR no final de cada ano, o que faz com que não
tenhamos mais nenhum controle sobre como este dinheiro é utilizado.
Finalizamos este documento exigindo a prestação de contas da
Assessoria de Assuntos Estudantis, bem como a definição de seus
critérios para a alocação de verbas para o DCE e para os CA´s. Além
disso nos manifestamos pela transformação da AAE em Pró-Reitoria de
Assuntos Estudantis, que receba verba específica dentro do orçamento
da Universidade, aumentando o apoio às Casas de Estudantes,
ampliando o atendimento dos RU´s e os valores das bolsas
permanência.
Repudiamos esta política de cooptação dos CA´s e de indiferença
perante as necessidades dos estudantes e também a posição omissa e
conivente do DCE
em
relação a este grave problema que o movimento estudantil da UFPR
enfrenta. Este tipo de atitude vem, de forma silenciosa e
disfarçada, implementar mais alguns aspectos da tão polêmica Reforma
Universitária, que desobriga as Universidades de cumprirem com seu
papel de responsabilidade pela formação acadêmica de qualidade, com
apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, bem como com a permanência
dos estudantes na Universidade.
O
que esperamos de uma Universidade que não disponibiliza recursos
para seus próprios estudantes? Esta Universidade precisa ser
questionada. A Universidade existe para que os estudantes se formem
com qualidade e com responsabilidade para com suas comunidades e
profissões, não para eleger reitores como prefeitos, nem para que
gestões de DCE se promovam a base de festivais megalomaníacos.
Curitiba, 28 de maio de
2007.
Centro Acadêmico de
Ciências Sociais
Gestão Primavera nos
Dentes – 2006/07
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