Historiografia Brasileira
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Obras
A Revolução Burguesa no Brasil
Florestan Fernandes

Obra de grande vulto, voltada à análise do processo histórico de formação da sociedade burguesa no Brasil, desde a Independência até o golpe militar de 1964. Esse texto, repleto de nuanças, introduziu nítida clivagem no âmbito do pensamento do autor, ruptura esta manifesta no próprio corpo da análise. Escrito entre 1966 e 1974, encerra uma interrupção no processo de feitura, de cerca de três anos, período no qual Florestan lecionou na Universidade de Toronto. O autor, de saída, explica o modo como percebe o seu empreendimento: “É preciso que o leitor entenda que não projetava fazer obra de ‘Sociologia acadêmica’.
Ao contrário, pretendia, na linguagem mais simples possível, resumir as principais linhas da evolução do capitalismo e da sociedade de classes no Brasil.
Trata-se de um ensaio livre, que não poderia escrever se não fosse sociólogo.
Mas que não põe em primeiro plano as frustrações e as esperanças de um socialista militante”.
Apesar das intenções declaradas do autor, o livro não escapa, integralmente, de ser um exercício acadêmico de interpretação, em que as peculiaridades desse estilo encontramse sobejamente presentes. Perquirindo o significado para a realidade brasileira das noções de “burguês”, “burguesia”e “revolução
burguesa”, procura “estabelecer preliminarmente certas questões de alcance heurístico”. O problema decisivo da obra põe-se na discussão da especificidade da construção da sociedade de classes e da revolução burguesa no Brasil, vistas no prisma da formação da racionalidade burguesa, da mentalidade burguesa, isto é, de uma ética do “ganho”, do “lucro”e do “risco calculado”. Vale dizer, da gênese da sociedade moderna no Brasil e do desenvolvimento da sociedade de classes, questões que perpassam a primeira parte dedicada ao estudo do processo da Independência e do desencadeamento da revolução burguesa. Para o tratamento desse período formador, o autor passa em revista o universo valorativo orientador das ações dos agentes envolvidos, apontando para o fato de que a mentalidade econômica, na colônia, “estava sujeita a uma distorção inevitável”. Naturalmente, a análise põe em tela dimensões psicossociais, para a caracterização do “espírito burguês”.

A segunda parte do livro –“A Formação da Ordem Social Competitiva” – é um fragmento. Como o próprio título alude, o autor dedica-se a entender a formação da ordem social competitiva em países de formação colonial como o Brasil. “Nas ‘sociedades nacionais’ dependentes, de origem colonial, o capitalismo é introduzido antes da constituição da ordem social competitiva. Ele se defronta com estruturas econômicas, sociais e políticas elaboradas sob o regime colonial, apenas parcial e superficialmente ajustadas aos padrões capitalistas de vida econômica”. Novamente, aqui, Florestan localiza o problema da nossa história na incapacidade, ou impossibilidade, de superar os princípios inerentes à ordem social anterior.
As noções de capitalismo dependente e ordem social competitiva estruturam a análise, permitindo-lhe compreender os limites do “estilo competitivo de vida social” e da “mentalidade econômica racional”. O problema que se põe é detectar o agente social que melhor encarna a condição burguesa de vida. Uma burguesia mercantil urbana, denominada “estamento social intermediário”, expressava os novos valores sociais, mas, apesar disso, não pôde, ou não foi capaz, de romper o círculo poderoso advindo do passado.

Fonte: Maria Arminda do Nascimento Arruda
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