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Obras
Como se deve escrever a história do Brasil Von Martius Ideias
gerais sobre a História do Brasil
Qualquer que se
encarregar de
escrever a História
do Brasil, país que tanto promete, jamais
deverá perder de
vista quais os elementos que aí concorreram para o
desenvolvimento do homem. São,
porém, estes
elementos de natureza muito
diversa, tendo para a formação do homem
convergido de um
modo particular três
raças, a saber: a de cor cobre ou americana, a branca ou a
caucasiana, e enfim
a preta ou etiópica. Do encontro, da mescla, das
relações mútuas e mudanças
dessas três raças, formou-se a atual
população, cuja história por isso
mesmo
tem um cunho muito particular. Jamais nos
será
permitido duvidar que a vontade da providência predestinou ao
Brasil esta
mescla. O sangue português, em um poderoso rio
deverá
absorver os pequenos
confluentes das raças índia e
etiópica. Na classe
baixa tem lugar esta mescla,
e como em todos os países se formam as classes superiores
dos
elementos das
inferiores, e por meio delas se vivificam e fortalecem, assim se
prepara atualmente
na última classe da população
brasileira essa
mescla de raças, que daí a
séculos influirá poderosamente sobre as classes
elevadas,
e lhes comunicará
aquela atividade histórica para a qual o Império
do
Brasil é chamado. E até
me inclino a
supor que as relações particulares, pelas quais o
brasileiro permite ao negro
influir no desenvolvimento da nacionalidade brasileira, designa por si
o
destino do país em preferência de outros estados
do novo
mundo, onde
aquelas duas raças inferiores são
excluídas do
movimento geral, ou como
indignas por causa de seu nascimento ou porque o seu número,
em
comparação com
o dos brancos, é pouco considerável e sem
importância. Portanto, devia
ser um ponto
capital para o
historiador reflexivo mostrar como no desenvolvimento sucessivo do
Brasil se
acham estabelecidas as condições para o aperfeiçoamento
de
três raças humanas, que nesse país
são
colocadas uma ao lado da outra,
de uma maneira desconhecida na história antiga, e que devem
servir-se
mutuamente de meio e de fim. Tanto
a história dos povos
quanto a dos indivíduos nos mostram que o gênio da
história (do mundo), que
conduz o gênero humano por caminhos, cuja sabedoria sempre
devemos reconhecer,
não poucas vezes lança
mão de cruzar
as raças para alcançar os mais sublimes fins na
ordem
do mundo. Quem
poderá negar que a
nação inglesa deve sua energia, sua firmeza e
perseverança a essa mescla dos povos céltico,
dinamarquês, romano, anglo-saxão
e normando! Os
portugueses e a sua parte na História do Brasil O
português, que no
princípio do século XVI
emigrava para o Brasil, levava consigo aquela
direção de
espírito e coração,
que tanto caracteriza aqueles tempos. Exemplo do efeito imediato do
cisma de
Lutero, em numerosos conflitos porém com a Espanha e mais
partes
da Europa,
talvez então mais acessível do que depois ao
movimento
intelectual geral
daquele século, o colono português desse tempo
distintamente representa a
índole particular desse período, e o historiador
brasileiro não poderá
eximir-se de traçar um quadro dos costumes do
século XV,
se tentar descrever os
homens tais e quais vieram para além do oceano fundar um
novo
Portugal. Daqui
o
historiador deverá passar para a história de
legislação e do estado social da
nação portuguesa, para poder mostrar como nela se
desenvolveram pouco a pouco
tão liberais instituições municipais,
como foram
transplantadas para o Brasil,
e quais as causas que concorreram para o seu aperfeiçoamento
nesse país.
Mostrar em quanto aqui a legislação antiga
portuguesa (de
D. Diniz) ficou mais
isenta da influência do direito romano, que os reis
espanhóis propagaram em
Portugal, seria um tarefa de sumo interesse, para o historiador, que na
legislação reconhece o espelho de uma
época. |
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