Antigo Egito                     

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Do pré-dinástico à Narmer

Culto ao Deus Aton

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CULTO AO DEUS ATON

     Por toda a história egípcia, as inovações foram feitas em nome e a serviço da religião, contudo, as práticas cotidianas e votivas variavam em muitos aspectos, uma vez que a religião, mesmo sendo o foco principal desta sociedade, não se manteve constante, o que nos remete ao Período de Amarna, um momento revolucionário para o a história egípcia.

    São muitos os motivos que tornam difícil a compreensão dessa influência religiosa diretamente na vida dos antigos. Para as sociedades mais contemporâneas, a religião se tornou, cada vez mais, uma coisa individual, apreciada a partir do que não pode ser explicado cientificamente. Entretanto, para a maioria, se não todos, os povos antigos religião e ciência eram uma coisa só.

    Os fenômenos naturais eram explicados por uma força sobrenatural, a qual era atribuída aos deuses.  Para os egípcios cada elemento ou força do universo era um deus: o sol (Rá), a Terra e o céu (Geb e Nut), a atmosfera (Shu), as inundações anuais do Nilo (Hapy), vida e crescimento (Osíris), ordem (Maat) e desordem (Seth), por exemplo.  O panteão egípcio compreendeu cerca de 700 deuses cultuados cada um a sua forma.

    O Período de Amarna significou uma mudança intelectual, que representava uma nova forma de encarar a natureza, com tudo governado por apenas um princípio de vida: o deus do sol, e nenhum outro além dele. Destarte, esta noção surge ainda antes do Período de Amarna, provavelmente no Médio Império (c. 2040 -1640 a.C.), quando a teologia egípcia fortalece a ideia de uma única força criadora por trás de todo o universo, chamado de “Hidden” (Amon), pois sua natureza não era explicita em nenhum elemento natural.

    A XVIII Dinastia viu se fortalecer o culto à Amon, alcançando o panteão e as especulações teológicas sobre todo o universo. Amon se manifestava diariamente, através da luz do sol, que dava o poder de vida, e por isso logo foi associado à Rá, combinados como Amon-Rá - “aquele que ilumina e emerge diariamente”.

    Esta nova crença solar foi reformulada durante o regime de Akhenaton (ou Amenhotep IV), primeiramente o deus, antes representado na forma de falcão, foi assumindo uma nova forma, desenvolvendo um novo estilo de arte, até, por fim, ser representado e referido apenas como “Disco Solar” (Aton). Ao mesmo tempo, Amenhotep IV muda seu nome, uma vez que o este o identificava como Filho de Rá, significando “Amon está contente”; passa a ser chamado então, de Akhenaton  - “aquele que é bom para Aton”.

    O culto passou a se dirigir unicamente ao Disco Solar, evitando se referir aos outros deuses do tradicional panteão egípcio em textos. Aton emerge como deus único somente por volta do oitavo ano do regime de Akhenaton, quando qualquer outro deus seria oficialmente banido, notadamente Amon-Rá. Nomes e representações de Amon e sua esposa, a deusa Mut, foram apagados de monumentos e estatuas foram quebradas e desfiguradas ao redor de todo o país, uma vez que, para eles, o Kha (espécie de alma ou força vital) habitava nestas representações, consequentemente, destruindo-as, existência do deus seria destruída também. Este fato provavelmente se deu devido à força que o poder sacerdotal estava ganhando, especialmente os sacerdotes de Amon.

    Abandonado da crença fortemente enraizada na cultura egípcia, mudando leis, escrita e arte, o faraó usou uma tática muito arriscada para afirmar seu poder, consequentemente, a insatisfação com estas inovações foi muita. Por isso, após seu reinado, abandona-se completamente as mudanças impostas pelo Faraó. O Casal Real passa a ser rejeitado, destroem-se qualquer registro deste período. As esculturas são quebradas, os nomes riscados de paredes, templos e textos, a nova capital, Akhenaten, é abandonada, e um novo faraó restaura o culto de Amon, Tutankhamon.