Antigo Egito |
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MEDITERRÂNEO Diz-se,
comumente, que o norte do Egito acaba na
fronteira com o mar Mediterrâneo, curiosamente, é
lá onde se inicia o contato
exterior. O Mediterrâneo é conhecido por suas rotas
comerciais na Idade
Moderna, contudo, desde a antiguidade essa dinâmica
mediterrânica proporcionou
muitos contatos culturais, comerciais e políticos. Junto com os
egípcios,
estiveram ali os povos hurritas, hititas, cananeus, assírios e
macedônios, por
exemplo. O nome Mediterrâneo, porém, só veio mais
tarde, por isso, cada povo
tinha uma forma de se referir ao Mar. Para os egípcios, ele era
"o grande
verde", que em hieróglifo pode ser lido como wad-wr. Evidentemente,
as relações internacionais não
ocorreram de uma vez só. O próprio reino de Mittani,
um dos que mais se
relacionou com o Egito, só foi conhecido pelo povo
nilótico durante a campanha
ao oeste da Ásia, promovida por Tutmés I, entre 1493 e
1483 a.C.. De fato, foi
durante a XVIII Dinastia que o Egito mais teve contato com outras
civilizações,
a começar, entre 1514 e 1493 a.C., com a conquista de Kush
(antigo nome dado à
Núbia), de onde veio quase todo o ouro egípcio. Ao
contrário do que muitos
pensam, as terras do Egito não eram ricas em pedras preciosas,
apesar da grande
quantidade de joias e objetos feitos desses metais. O
Império Egípcio no Oeste da Ásia começa
efetivamente com Tutmés IIII, sexto faraó da XVIII
Dinastia, que enfrentou a
consolidação de Canaã em Megiddo. Tal
expansão militar fez com que o Egito
compreendesse todo o território entre a Núbia e a
Síria, foram conquistados
aproximadamente 600 km ao norte e outros 600 km ao sul. Destes
espaços
vieram mercadorias e tributos que enriqueceram a corte
cosmopólita de
Amenhotep III (1390 - 1353 a.C), financiando grandes projetos ao redor
do país
(que nessa época já era uma potência respeitada), e
fixando um vice-reinado
oficial até a quarta catarata do Nilo (atual Sudão), onde
o Faraó não era mais
visto apenas como um governante divino, mas um deus na forma humana.
Amenhotep III e sua esposa Tiye recebem santuários, nos
quais seriam
venerados e adorados. Neste período, o faraó se alia com
muitos dos povos
mediterrânicos e casa-se com duas princesas de Mittani e uma
da Babilônia,
para reforçar a aliança. Do Chipre, o Egito recebia o
cobre, da Babilônia
vinham os cavalos e o lápis-lazúli e da Núbia, o
ouro. Apesar
de ser durante o regime de Amenhotep III
que apareceram as primeiras Cartas de Amarna, tabuinhas em escrita
diplomática
que representam as correspondências entre Egito e seus aliados,
elas foram mais
comuns no governo de seu filho, Amenhotep IV (Akhenaton), no qual
aparecem,
também, muitos relevos e pinturas mostrando a família
real recebendo
mercadorias de vários locais, incluindo a Núbia,
Síria, e possivelmente de
amoritas e hititas. Estelas,
relevos, cartas e pinturas, além de
muitos outros objetos encontrados no Egito, como as próprias
joias, evidenciam
o fato de as relações internacionais e a diplomacia
não são coisas exclusivas
do mundo contemporâneo. Civilizações comercializam,
se aliam ou guerreiam,
desde o início das primeiras sociedades, buscando fixar-se e
dominar uma
determinada região do modo que mais as convém. |