Jean Baptiste Debret – 1827–
(primeira imagem conhecida da cidade de Curitiba) |
Jean Baptiste Debret – Sem data – Paranaguá |
Jean Baptiste Debret – 1827– Guaratuba |
Jean - Baptiste Debret Certo
é que o primeiro pintor da paisagem paranaense - do qual se tem referencia
segura- foi Jean Baptiste Drbret (1768-1848). Cabe sumária observação à
possível existência de pinturas por Adriano Taunay, quase à mesma época. Porem,
nao se sabe, ainda, o que contem o rico acervo da missão Langsdorff, guardado
em Leningrado, de vez que a única aquarela paranaense desse artista já divulga
é retrato a cavalo de rico tropeiro de Castro. Preocupado
em acumular esboços ara o seu projetado livro Voyage Pittoresque et Histórique
au Brésil, Debret percorreu o território paranaense em 1827, produzindo numero
considerável de desenhos e aquarelas de boa qualidade pictórica ( como todas as
suas obras), sobretudo de extraordinário valor documental para o Paraná. O
roteiro seguido pelo artista-viajante é o do velho caminho das tropas até
Curitiba (desde Itararé na divisa de São Paulo), descendo a Paranaguá e
Guaratuba para alcançar o litoral norte de Santa Catarina. Visita
não só localidades já importantes como Castro, mas também pequenos centros que
apenas surgiram como Jaguariaíva, Ponta grossa ou Palmeira. Com
o objetivo de completar a cobertura iconográfica da região, como já fizera em
todo o vale do Paraíba e no sudeste da província de São Paulo, vai à Lapa - a
esse tempo Vila do Príncipe - onde pinta excelente vista geral da povoação. Do
acervo Castro Maia faz parte aquarela de Guarapuava, igualmente de desenho e
colorido requintados. Em trabalhos sobre obras inéditas do artista, pusemos duvida
sobre a verossimilhança dessa paisagem , pois a dificuldade do acesso e o tempo
indispensável ao percurso até la nos pareceram incompatíveis com a cronologia
do roteiro de Debret. É indispensável, porem, que pesquisa mais aprofundada
projete luz sobre face tão interessante do nosso passado. Alias,
algumas das imagens registradas pelo artista Frances terão sido pintadas de
memória ou segundo rápido bosquejo a lápis. é o caso da pasigem de Paranaguá
pertencente a Fundação Castro Maia, que parece ter sido tomada de embarcação ou
da Ilha Valadares, sugerindo desnível entre a cidade e a margem do rio Itiberê
- bastante superior à real. O mesmo ocorre com a visão e Guaratuba ( que
integra o chamado Album Bonneval), onde figuram edifícios que jamais existiram
nessa cidade litorânea. Com
poucas exceções, as paisagens paranaenses do notável pintor são de indiscutível
veracidades e constituem preciosismo documentário artístico e iconográfico. Cabe
destaque especial á vista de Curitiba, tomada do alto de São Francisco, e que
figura no álbum em poder do nobre belga. Não só é a imagem mais antiga da
cidade, como foi tomada de ângulo diferente do utilizado por outros pintores.
Espaço que quase trinta anos medeia entre a elaboração da paisagem de Debret e
o da conhecida visita de John Henry Elliot, datada de 1855. Mas
o confronto entre as duas comprova a estagnação que prevaleceu na cidade, e que
só é superada depois de sua elevação a capital da nova Província; marco
histórico que também coincide com o inicio da afluência dos imigrantes alemães
da Colônia Dona Francisca para o Rocio de Curitiba. Poucas
foram as vistas do Paraná litografada para a grande publicação de Debret;
apenas "Paisagem do rio Jaguaricatu", "Pouso de tropeiros nos
Campos Gerais" " Caçada à onça" e " Vista de Ponta
Grossa" ( que aparece, alias, com legenda inadequada.) Daí possivelmente a
razão dos nossos historiadores não se terem referido a tão precioso
documentário; e quando o fizeram se reportaram somente as cenas de costumes. Retirado de : Pintores da paisagem paranaense. Curitiba, Secretaria da Cultura e do Esporte, 1982 |