Paul Garfunkel – 1957 - Passeio
Público de Curitiba |
Paul Garfunkel – 1957 – Largo da Ordem |
Paul Garfunkel – 1979 – Praça Tiradentes, Curitiba |
Paul
Garfunkel
Paul Garfunkel nasceu em Fontainebleau, perto de
Paris,
em 9 de maio de 1900, e faleceu em Curitiba, no sul do Brasil em 11 de
maio de
1981.
Filho de um engenheiro ferroviário, começou a
frequentar
a escola de Amiens, no norte da França, em 1906, e em 1919 ingressou na
importante École Polytechnique, onde se formou com especialização em
engenharia
mecânica. Casou-se em março de 1926, como Héléne Fanny Givert
(1900-1982). O
casal teve dois filhos: Pierre (1927-1966) nasceu em Paris, e Françoise
Marie
(1929-1991) já nasceu no Brasil, em São Paulo.
Paul chegou ao Brasil em 1927, como alto funcionário
de
uma companhia francesa, a Fischet, Schwarts at Haumont. Três anos mais
tarde,
ele se envolveria no primeiro de uma série de empreendimentos de pouco
sucesso,
em parceria com Monteiro Lobato (1882-1948), na criação de uma firma –
a Pamona
Tropical- que iria desenvolver um pioneiro projeto de industrialização
da
banana na baixada santista.
Ao tomar o partido dos paulistas, na Revolução de
32,
Garfunkel acabou perdendo o emprego e o ótimo nível de vida. Para
economizar a
família mudou-se para Santos, onde Paul, desempregado, começou a pintar.
A busca de trabalho fez com que, em 1936, Paul
aceitasse
a oferta de um amigo, e fosse de mudança para Marechal Mallet, no
interior do
Paraná, para cuidar d uma fabrica de palhões (embalagens para
exportação de
bananas), que logo fecharia as portas. Na décima sexta imagem do
primeiro de
seus dois álbuns, Paul fala com carinho e ironia sobre esse período em
quem
mergulhou em um outro Brasil, com belas paisagens e pessoas que
lembravam a sua
Europa: “É nesse quadro
bucólico que eu tentei montar um beneficiamento de linho, só Deus sabe
porque.
Passei alguns belos anos nesse verdejante faroeste povoado quase que
unicamente
por colonos poloneses e ucranianos.” Mesmo
sem grande
sucesso em suas empreitadas industriais, Paul permaneceria no Paraná. O
périplo
de Garfunkel pelo interior do Paraná so se encerraria na década de 50,
com sua
instalação definitiva com o resto da família, que já estava em Curitiba
desde
1942.
Em Curitiba, Héléne Garfunkel, engenheira de
formação
como o esposo, se empenhou em reabrir a Aliança Francesa, á qual
dedicou de
1949 a 1982, um enorme e bem sucedido empenho. O casal – e personagens
como
basset Oscar e o Citröen preto do “Dr. Paulo” – tornaria-se parte do
folclore
da cidade e, ao longo de décadas Héléne, a “Madame Garfunkel”, seria a
grande
embaixadora da França na cidade, e a referência para todos os
franceses,
inclusive o antropólogo Claude Lévi-Straussm que vinham ao sul do país.
A primeira exposição individual de impacto de Paul
Garfunkel ocorreria em 1947, na Filadélfia (Estados Unidos). Mas
somente alguns
anos depois, no começo dos anos 1950, com a família já morando em
Curitiba, é
que ele alugaria um atelier e assumiria definitivamente o status de
pintor em
tempo integral, depois de encerrar as atividades de uma fábrica de
beneficiamento
de linho na vizinha cidade de Araucária.
Em 1958 e 1962, publicou os dois álbuns de viagens
pelo
Brasil em que há um enorme valor documental nas imagens e textos de
Garfunkel
que retratam momentos únicos de nossa geografia humana e cultural, foi
por essa
razão que Garfunkel foi chamado e “Debret do século XX” por críticos do
porte
de Pietro Maria Bardi que, pouco tempo após examinar pela primeira vez
os dois
álbuns, em 1983, organizou uma exposição de Paul Garfunkel no MASP. De
1953 até 1981, expôs todos os anos, com mostras individuais em
Curitiba, Rio de
Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belém, Salvador, Brasília,
belo
Horizonte. Também expôs em Antuérpia e em 1959 e 1963, em Paris. Em
1958, 31 anos após a chegada do casal Garfunkel ao porto de Santos,
Paul
descrevia seu fascínio pelo Brasil, no ultimo dos vinte textos de seu
primeiro
álbum de imagens:
“Mas
o Brasil nos agarrou e nos segurou, estranho e belo
país, irritante e envolvente como
uma insuportável amante
demasiadamente amada.” Vivendo
em Curitiba as últimas décadas de sua vida, Paul Garfunkel exerceu seu
ofício
até o dia de sua morte, em 11 de maio de 1981, desenhando e pintando
principalmente o país pelo qual sentia um fascínio irresistível. Retirado e adaptado : Paul Garfunkel | Imagens do Brasil | Images Du Brésil | Images of Brazil. Curitiba, Id Editora Cultural, 2014
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