Título
Jean-Baptiste Debret
Alfredo Andersen
Lange de Morretes
Guido Viaro
João Turin
João Zaco Paraná
Movimento Paranista
Poty Lazzarotto
Erbo Stenzel
Paul Garfunkel
Dulce Osinski
Geraldo Leão
Ronald Simon
Onde Encontrar




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Paul Garfunkel – 1957 - Passeio Público de Curitiba

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Paul Garfunkel 1957 – Largo da Ordem

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Paul Garfunkel  – 1979 Praça Tiradentes, Curitiba








Paul Garfunkel

            Paul Garfunkel nasceu em Fontainebleau, perto de Paris, em 9 de maio de 1900, e faleceu em Curitiba, no sul do Brasil em 11 de maio de 1981.

            Filho de um engenheiro ferroviário, começou a frequentar a escola de Amiens, no norte da França, em 1906, e em 1919 ingressou na importante École Polytechnique, onde se formou com especialização em engenharia mecânica. Casou-se em março de 1926, como Héléne Fanny Givert (1900-1982). O casal teve dois filhos: Pierre (1927-1966) nasceu em Paris, e Françoise Marie (1929-1991) já nasceu no Brasil, em São Paulo.

            Paul chegou ao Brasil em 1927, como alto funcionário de uma companhia francesa, a Fischet, Schwarts at Haumont. Três anos mais tarde, ele se envolveria no primeiro de uma série de empreendimentos de pouco sucesso, em parceria com Monteiro Lobato (1882-1948), na criação de uma firma – a Pamona Tropical- que iria desenvolver um pioneiro projeto de industrialização da banana na baixada santista.

            Ao tomar o partido dos paulistas, na Revolução de 32, Garfunkel acabou perdendo o emprego e o ótimo nível de vida. Para economizar a família mudou-se para Santos, onde Paul, desempregado, começou a pintar.

            A busca de trabalho fez com que, em 1936, Paul aceitasse a oferta de um amigo, e fosse de mudança para Marechal Mallet, no interior do Paraná, para cuidar d uma fabrica de palhões (embalagens para exportação de bananas), que logo fecharia as portas. Na décima sexta imagem do primeiro de seus dois álbuns, Paul fala com carinho e ironia sobre esse período em quem mergulhou em um outro Brasil, com belas paisagens e pessoas que lembravam a sua Europa:

“É nesse quadro bucólico que eu tentei montar um beneficiamento de linho, só Deus sabe porque. Passei alguns belos anos nesse verdejante faroeste povoado quase que unicamente por colonos poloneses e ucranianos.”

Mesmo sem grande sucesso em suas empreitadas industriais, Paul permaneceria no Paraná. O périplo de Garfunkel pelo interior do Paraná so se encerraria na década de 50, com sua instalação definitiva com o resto da família, que já estava em Curitiba desde 1942.

            Em Curitiba, Héléne Garfunkel, engenheira de formação como o esposo, se empenhou em reabrir a Aliança Francesa, á qual dedicou de 1949 a 1982, um enorme e bem sucedido empenho. O casal – e personagens como basset Oscar e o Citröen preto do “Dr. Paulo” – tornaria-se parte do folclore da cidade e, ao longo de décadas Héléne, a “Madame Garfunkel”, seria a grande embaixadora da França na cidade, e a referência para todos os franceses, inclusive o antropólogo Claude Lévi-Straussm que vinham ao sul do país.

            A primeira exposição individual de impacto de Paul Garfunkel ocorreria em 1947, na Filadélfia (Estados Unidos). Mas somente alguns anos depois, no começo dos anos 1950, com a família já morando em Curitiba, é que ele alugaria um atelier e assumiria definitivamente o status de pintor em tempo integral, depois de encerrar as atividades de uma fábrica de beneficiamento de linho na vizinha cidade de Araucária.

            Em 1958 e 1962, publicou os dois álbuns de viagens pelo Brasil em que há um enorme valor documental nas imagens e textos de Garfunkel que retratam momentos únicos de nossa geografia humana e cultural, foi por essa razão que Garfunkel foi chamado e “Debret do século XX” por críticos do porte de Pietro Maria Bardi que, pouco tempo após examinar pela primeira vez os dois álbuns, em 1983, organizou uma exposição de Paul Garfunkel no MASP.

De 1953 até 1981, expôs todos os anos, com mostras individuais em Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belém, Salvador, Brasília, belo Horizonte. Também expôs em Antuérpia e em 1959 e 1963, em Paris.

Em 1958, 31 anos após a chegada do casal Garfunkel ao porto de Santos, Paul descrevia seu fascínio pelo Brasil, no ultimo dos vinte textos de seu primeiro álbum de imagens:

            “Mas o Brasil nos agarrou e nos segurou, estranho e belo país, irritante e envolvente como              uma insuportável amante demasiadamente amada.” 

Vivendo em Curitiba as últimas décadas de sua vida, Paul Garfunkel exerceu seu ofício até o dia de sua morte, em 11 de maio de 1981, desenhando e pintando principalmente o país pelo qual sentia um fascínio irresistível.

Retirado e adaptado : Paul Garfunkel | Imagens do Brasil | Images Du Brésil | Images of Brazil. Curitiba, Id Editora Cultural, 2014