Poty Lazarotto – 1953 - Monumento ao Primeiro Centenário do Paraná |
Poty Lazarotto – 1996 – Curitiba e Sua Gente |
Poty Lazarotto – 1987 – Painel Palácio Iguaçu |
Poty
Lazarotto Napoleon
Potyguara Lazzarotto, Poty, nasceu em Curitiba em 29 de março de 1924,
sendo o
filho mais velho da dona Julia e Issac, foi curiosamente o grande
beneficiário
do Vagão do Armistício. Poty desenhava em qualquer papel com seus
traços em
carvão daquele menino circunspecto e calado. O
jovem recebia toda sorte de estímulos, seu talento entusiasmava os
frequentadores.
Certa vez jantava o interventor Manoel Ribas, acompanhado de diversos
palacianos especialmente Hildebrando de Araujo, responsável pela
educação do
Estado. Entre uma conchada e outra de risoto, o grupo acompanhava com
interesse
as criações de Poty, que, sem compromisso algum, rabiscava a esmo. Seu
Ribas, atento, sabia que estava diante de um significativo futuro,
tanto que em
poucos dias, haviam decidido manda-lo para o Rio de Janeiro, para a
Escola de
Belas Artes. Ganhando bolsa pelo próprio Palácio do Estado. Com
isso, o talento de Poty partia de Curitiba para o Brasil. Era o ano de
1942. Além
do curso regular na Escola de Belas Artes, começou a estudar gravura
com Carlos
Oswald e em 1944 passou a trabalhar na Folha Carioca. Neste trabalho ilustrava contos e
crônicas especialmente de
Carlos Drummond de Andrade e Marques Rebelo, serviu para complementar a
bolsa
recebida de Manoel Ribas, que permitia não mais do que o suficiente.
Com isso,
não parou mais de criar. Em
1945, surge m Curitiba a revista Joaquim, criada por Dalton Trevisan,
Participando dela intensamente, fez o padrão da capa, escreve e
ilustrou um
sem-número de contos. Foi quando apareceu como ilustrador de livros no
primeiro
de Trevisan, Sete anos de pastor, editado pela própria revista que
fundara. Em
1946, detendo nova bolsa de estudos, desta vez para a França, fez o
curso de
Litografia na Escola de belas Artes de Paris. De
volta ao Brasil, em 1948, integra-se ao jornal Manhã, comandado por
Samuel
Wainer. Foi o ano também em que Poty realizou seu primeiro
painel-mural. Com o
tema, O processo, livro de Franz Kafka popularíssimo na época,
permaneceu na
sede da UNE, praia do Flamengo, Rio de Janeiro, até o golpe de 1964,
quando foi
insolitamente destruído. Nos
anos seguintes, Poty passa por São Paulo, onde inaugura o primeiro
curso de
gravura depois Bahia e Bolívia e em 1953, executa alguns murais para a
Exposição do Centenário marcado pelo primeiro mural em azulejos, que
foi
instalado na Praça 19 de Dezembro. Casou-se,
em 1955, com Célia Neve, que conhecera em Paris. Como
ilustrador de livros, sua carreira foi fecunda, mas seu talento de
muralista
exercido efetivamente a partir de 1960, excedeu a qualquer outro, com
mais de
cem painéis-murais registrados, em madeira, cerâmica, vitrais, mosaico,
azulejos e concreto aparente. Seus trabalhos encontram-se em Portugal,
França e
Alemanha. Passou
seus últimos anos entre Curitiba, Rio de Janeiro e esporadicamente
Alemanha e
França. A
partir dos anos noventa, introduziu com vigor as cores nos seus
desenhos,
registrando sua cidade natal e todos os pontos imagináveis. De maneira
que,
relegando sua notória preferência pelo preto e branco desdisse
publicamente sua
fama de daltônico. O
antropólogo e senador Darcy Ribeiro, que levou Poty para uma estada de
trinta
dias no Xingu, resultando cadernos de desenhos aproveitados para a
ilustração
das suas obras Maíra e O Mulo, em crônica publicada em 1966 pela Gazeta
do Povo
diz: “Se o Paraná não produzir daqui para diante nenhum artista mais,
só com
Poty estará à frente de todas as outras províncias brasileiras.”. Aramis
Millarch, em crônica publicada pelo jornal O Estado do Paraná, em 1994,
viria a
afirmar que “o apoio recebido de seu Ribas fora o ponto de partida da
carreira
que o faria o nosso mais importante artista”. Por
fim Poty faleceu em Curitiba em 07 de maio de 1998.
Retirado e adptado de: Poty, de todos nós / textos: Estela Sandrini. Curitiba, Museu Oscar Niemeyer, 2012. |