Guido Viaro – 1940 - Paisagem com Pinheiros |
Guido Viaro – 1944 – Lavadeiras |
Guido Viaro – 1936 – Passeio Público de Curitiba |
Guido Viaro 1897 –
Veneto/Itália 1971 - Curitiba/Paraná Guido
Viaro, nasceu em 1897 em Badia Polésine, província de Rovigo, Veneto na Itália,
em 09 de setembro, de onde saiu para a guerra em 1916, onde adquiriu a
experiência de tragédia, que sempre acompanharia os seus trabalhos. Voltando
para Badia, ensinou desenho, mas logo se saturou, viajando a Roma e em seguida
a outros países da Europa, voltando a Veneza para estudar. Veio para o Brasil
em 192, passando do Rio de Janeiro a São Paulo, fazendo caricaturas em jornais,
mas conseguindo a sua 1ª mostra individual. Em
1930 veio ocasionalmente ao Paraná, onde se enamorou, decidindo passar sua vida
em Curitiba, onde constituiu sua família, casando em 1935 com Iolanda Stroppa,
que foi sua grande companheira, da qual não podia prescindir. O seu único
filho, Constantino nasceu em 1938. Viaro
desde cedo foi professor de desenho em colégios particulares, mas ao mesmo
tempo mantinha trabalho contínuo na sua arte, que expandia do desenho a
pintura, na gravura a escultura. Em 1942 recebeu Medalha de Bronze em Pintura,
no Salão Nacional de Belas Artes. Em 1948 realiza exposição individual na
Galeria Nigri em São Paulo e exposição individual de aquarelas e desenho no Rio
de Janeiro, promovida pelos Diários Associados. Em 1951, Medalha de Ouro no VII
Salão Paranaense. Em 1952, prêmio de Viagem no IX Salão Paranaense de Medalha
de Ouro no Salão Primavera. Em 1959, exposição retrospectiva, realizada no
Museu de Arte do Paraná. Em 1962, exposição individual organizada por
iniciativa do Instituto de Belas Artes de Porto Alegre. Em 1963, o Departamento
de Cultura promoveu exposição, no Rio de Janeiro de seus trabalhos e de
Fernando Calderari. Em 1964 exposição individual promovida pelo Departamento de
Cultura. Em 1966, Sala Especial no II Salão de Arte Religiosa de Londrina,
iniciativa do Departamento de Cultura. Em 1966 recebeu o titulo de Cidadão
Honorário de Curitiba, concedido pela Câmara Municipal. Em 1967, o Departamento
de Cultura lançou o 1º volume da Coleção Documentação Paranaense com o titulo
“Guido Viaro – Artista e Mestre”, cujo lançamento se fez em uma nova
retrospectiva na Biblioteca Pública do Paraná em Curitiba. Em 1969, realizou
exposição individual comemorativa de seus 38 anos de pintura, também pelo
Departamento de Cultura. Em 1969, exposição individual na Galeria Cocaco, em
Curitiba. Em 04 de Novembro de 1971 as 10:30, dirigiu-se ao seu Atelier, onde,
sentado em sua cadeira lendo um livro, veio a falecer. Guido
Viaro foi o criador da Escola de Arte Infantil no Paraná, alguns dizem que sua
iniciativa neste setor foi pioneira em todo o Brasil, mas as datas não foram
ainda apuradas. Foi professor da cadeira denominada “modelo Vivo”, da Escola de
Música e Belas Artes do Paraná. Como professor, a influencia de Guido Viaro foi enorme
sobre toda a pintura paranaense. Vários de seus alunos passaram a ser pintores
considerados como artistas brasileiros, e não provincianos, entre os quais
podemos contra Poty, Loio Pérsio, Fernando Calderari, João Osório Brzezinski e
Ivens Fontoura, para só mencionar uns poucos. A sua capacidade de educar, ensinar, fazer ver, era de
uma objetividade muito grande, misturada com um carinho especial que se dirigia
a sensibilidade do aprendiz. Viaro aprendeu que desde cedo o ensino a criança
de arte não era só uma iniciação a cultura, mas também um dado importante na
formação da personalidade, pelo desenvolvimento da intuição artística que
impunha naturalmente. Em 1961, dizíamos no catalogo de sua retrospectiva no
Museu de Arte do Paraná: “Viaro todavia rebelou-se contra o academismo
absorvente que estrangulou até recentemente a capacidade de invenção de nossa
gente e sua obra consistiu então em um protesto mudo contra o estado de coisas
semi-oficializado, contra o ar empestado da província.” Efetivamente, Viaro foi
um realista, um observador da natureza e do homem, mas conservou sempre uma
ironia triste em relação a mediocridade, que tratava com irreverência severa e
mordaz, o que compensava na sua pintura, no seu desenho, onde se aprofunda a
sua compreensão sobre o destino do homem. Viaro
desde cedo insistia em torno da linha, do espaço e da cor. Ele mesmo dizia: “A
linha sempre a linha. Fui, voltei novamente; andei sempre insatisfeito vendo o
quanto os outros também sofreram. Passei da contemplação para os problemas
humanos, da mística para o abstrato, para enriquecer com sua gemas e suas novas
texturas minhas prováveis composições...””Procurei me manter em pé, sem fazer
concessões. Melhorei meu desenho. Tratei com carinho a composição, após ter
estudado a paisagem e a criatura. Só assim consegui não soçobrar, permanecendo
assim mesmo o pintor figurativo de ontem”. Com
essas palavras, que retratam perfeitamente a sua vida, Viaro mostra que o homem
se realiza dia a dia, pelo seu enriquecimento cotidiano, através da busca
incessante. Até para, permanecer o mesmo “- e não soçobrar o artista – homem
deve manter um trabalho constante de aperfeiçoamento, observando a “ paisagem e
a criatura”, que é o binômio da sua pintura. A paisagem como expressão de um
ambiente carregado de significado; a criatura humana que é a cerne da sua arte
no seu estilo místico ou nas cruezas da vida popular e do trabalho – sempre
expressos através de um desenho vibrante e rebuscado, cuja base fundamente se
encontra em todos os seus trabalhos, no sentido de busca a expressão de volumes
e de um ar de vida sempre com o sentido do trágico, que não lhe escapava seque
em suas raras abstrações. Viaro por isso foi o pintor mais importante que teve
o Paraná, porque transcendeu as limitações da província em uma épica opressiva,
porque formou uma quantidade de pintores excelentes, porque educou meio mundo
no sentido da intuição artística e porque fez uma pintura de um legitimo e as
vezes cruel realismo, de trágica humanidade.
Por: Eduardo
Virmond / Crítico
de Arte. Retirado de: Arquivo Guido Viaro, Biblioteca Max Conradt Jr., 2014. |