Petit-Pavé com temática paranista nas calçadas de Curitiba |
Estilização do Pinheiro, Pinha e Pinhões |
João Turin – 1928 – Fachada da casa do Dr. Bernard Leinig |
Movimento Paranista Desenvolveu-se a partir do início do século XX, no
período de 1920 a 1930. No contexto, o Paraná mostrava indícios da sua
modernização, configurando as transformações pretendidas pelas elites ao longo
do século XIX. A
forma de governo republicana foi institucionalizada no Brasil e apresentava-se
como modelo de progresso e modernização do país. Assim, para superar a
Monarquia, foi preciso lançar as bases de uma identidade impregnada pela imagem
de progresso, ciência e técnica, inserindo-o no capitalismo. Com
a República, era necessário desenvolver no imaginário individual e coletivo
imagens de heróis, datas comemorativas baseadas no sentimento de fraternidade
universal e festas públicas para que a população reverenciasse os mitos
republicanos. É
nesse período de desenvolvimento da forma de governo republicana que o
Movimento Paranista torna-se expressivo, considerando a descentralização
proporcionada às Províncias/Estados O
Movimento Paranista tem como papel central a construção de uma identidade
regional para o Estado do Paraná. Movimento contou com participação de
intelectuais, artistas e literatos que cultuaram e divulgaram a história e as
tradições da terra paranaense. Foi um movimento que não teve a consistência de
um manifesto, de uma escola ou de uma estruturação teórica ou acadêmica. Foi
principalmente através das artes plásticas que se procurou construir uma
identidade regional do Paraná, para criar na população local um sentimento de
pertencimento à terra. A
fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, em 1900, não dissociou
as políticas nacionais e nacionalistas, inserindo-se no projeto de forjar uma
história regional aglutinando todas as etnias presentes no Estado. O Instituto,
de certa forma, foi uma das bases do Movimento Paranista. O termo surgiu
espontaneamente no norte do Paraná e seu principal líder era Romário Martins. O
primeiro símbolo paranaense foi a bandeira, de autoria de Manoel Correia de
Freitas. Os artistas paranaenses criaram um estilo próprio que se tornou marca;
tendo representações de grupos étnicos (índios e imigrantes), o pinheiro, a
pinha, o mate e a paisagem foram temáticas recorrentes das suas produções.
Guido Viaro, João Turin e De Bonna, Zaco Paraná, Lange de Morretes e João
Ghelfi contribuíram para deixar impressos os símbolos paranistas. Os
paranistas escolhem o pinheiro não como reinterpretação dos mitos indígenas e
sim como característica cosmopolita, que representava não somente o paranaense
do futuro, o ideal de construção do Movimento Paranista, mas o próprio Estado
do Paraná. A
erva mate foi utilizada com menor intensidade como símbolo paranista. Numa das
lendas,eles resgataram a mitologia cristã que falava da presença de São Tomé no
Brasil. Como recompensa pela salvação das almas dos gentios, São Tomé teria
recebido o aprendizado da utilização da erva mate, detentora de virtudes
medicinais, desde que tostadas suas folhas e desfeitas em água. Utilizando-se a
erva mate, originária da tradição indígena dos guaranis, uniam-se, dessa forma,
dois elementos principais que dariam origem à sociedade paranaense: o branco
europeu e o nativo indígena, todavia ignorou-se completamente qualquer
contribuição dos negros. Os
mitos ligados a fundação de Curitiba, que auxiliam na construção de um marco
inicial, devem-se aos bandeirantes paulistas que se fixaram na região do Atuba
e lá construíram uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
Como a imagem insistia em voltar seu olhar para o planalto, os bandeirantes se
armaram e para lá se dirigiram. Estes foram recebidos com uma generosa e
cordial acolhida pelos índios Kaingang. O chefe kaingang teria marcado o local
em que os brancos deveriam tomar por centro da povoação que fundassem, fincando
seu bastão na terra gramada, a vila era Curitiba. O nome, deriva de curii,
pinheiro, pinha, pinhão, acrescido do sufixo-tiba, que indica abundância. João
Ghelfi foi o verdadeiro inspirador do estilo paranista e João Turin é tido como
o criador do estilo artístico paranaense. Texto organizado por Luiz Carlos kanigoski “Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo, vadeou uma
floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma fábrica, compôs
uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu uma lei liberal,
praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma injustiça, educou um
sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore”.
(MARTINS, Romário in: Trindade e Andreazza, 2001, pg 91). Retirado de : REZENDE, Cláudio
Joaquim (Organizador). Paraná espaço e memória: diversos olhares
histórico-geográficos. Curitiba: Editora Bagozzi, 2005. |