Título
Jean-Baptiste Debret
Alfredo Andersen
Lange de Morretes
Guido Viaro
João Turin
João Zaco Paraná
Movimento Paranista
Poty Lazzarotto
Erbo Stenzel
Paul Garfunkel
Dulce Osinski
Geraldo Leão
Ronald Simon
Onde Encontrar




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Petit-Pavé com temática paranista nas calçadas de Curitiba

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Estilização do Pinheiro, Pinha e Pinhões

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João Turin  – 1928 Fachada da casa do Dr. Bernard Leinig








Movimento Paranista

      Desenvolveu-se a partir do início do século XX, no período de 1920 a 1930. No contexto, o Paraná mostrava indícios da sua modernização, configurando as transformações pretendidas pelas elites ao longo do século XIX.

      A forma de governo republicana foi institucionalizada no Brasil e apresentava-se como modelo de progresso e modernização do país. Assim, para superar a Monarquia, foi preciso lançar as bases de uma identidade impregnada pela imagem de progresso, ciência e técnica, inserindo-o no capitalismo.

    Com a República, era necessário desenvolver no imaginário individual e coletivo imagens de heróis, datas comemorativas baseadas no sentimento de fraternidade universal e festas públicas para que a população reverenciasse os mitos republicanos.

     É nesse período de desenvolvimento da forma de governo republicana que o Movimento Paranista torna-se expressivo, considerando a descentralização proporcionada às Províncias/Estados

     O Movimento Paranista tem como papel central a construção de uma identidade regional para o Estado do Paraná. Movimento contou com participação de intelectuais, artistas e literatos que cultuaram e divulgaram a história e as tradições da terra paranaense. Foi um movimento que não teve a consistência de um manifesto, de uma escola ou de uma estruturação teórica ou acadêmica.

     Foi principalmente através das artes plásticas que se procurou construir uma identidade regional do Paraná, para criar na população local um sentimento de pertencimento à terra.

    A fundação do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, em 1900, não dissociou as políticas nacionais e nacionalistas, inserindo-se no projeto de forjar uma história regional aglutinando todas as etnias presentes no Estado. O Instituto, de certa forma, foi uma das bases do Movimento Paranista. O termo surgiu espontaneamente no norte do Paraná e seu principal líder era Romário Martins.

   O primeiro símbolo paranaense foi a bandeira, de autoria de Manoel Correia de Freitas. Os artistas paranaenses criaram um estilo próprio que se tornou marca; tendo representações de grupos étnicos (índios e imigrantes), o pinheiro, a pinha, o mate e a paisagem foram temáticas recorrentes das suas produções. Guido Viaro, João Turin e De Bonna, Zaco Paraná, Lange de Morretes e João Ghelfi contribuíram para deixar impressos os símbolos paranistas.

      Os paranistas escolhem o pinheiro não como reinterpretação dos mitos indígenas e sim como característica cosmopolita, que representava não somente o paranaense do futuro, o ideal de construção do Movimento Paranista, mas o próprio Estado do Paraná.

      A erva mate foi utilizada com menor intensidade como símbolo paranista. Numa das lendas,eles resgataram a mitologia cristã que falava da presença de São Tomé no Brasil. Como recompensa pela salvação das almas dos gentios, São Tomé teria recebido o aprendizado da utilização da erva mate, detentora de virtudes medicinais, desde que tostadas suas folhas e desfeitas em água. Utilizando-se a erva mate, originária da tradição indígena dos guaranis, uniam-se, dessa forma, dois elementos principais que dariam origem à sociedade paranaense: o branco europeu e o nativo indígena, todavia ignorou-se completamente qualquer contribuição dos negros.

     Os mitos ligados a fundação de Curitiba, que auxiliam na construção de um marco inicial, devem-se aos bandeirantes paulistas que se fixaram na região do Atuba e lá construíram uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Como a imagem insistia em voltar seu olhar para o planalto, os bandeirantes se armaram e para lá se dirigiram. Estes foram recebidos com uma generosa e cordial acolhida pelos índios Kaingang. O chefe kaingang teria marcado o local em que os brancos deveriam tomar por centro da povoação que fundassem, fincando seu bastão na terra gramada, a vila era Curitiba. O nome, deriva de curii, pinheiro, pinha, pinhão, acrescido do sufixo-tiba, que indica abundância.

      João Ghelfi foi o verdadeiro inspirador do estilo paranista e João Turin é tido como o criador do estilo artístico paranaense.

        O Moviemento Paranista foi considerado como uma construção simbólica da identidade paranaense, elaborando discursos sobre a modernidade e relacionando-a com a sociedade. Nas palavras de Acir Guimarães, jornalista da década de 1940, “Ser paranaense é, até certo ponto, um acidente; ser paranista é uma glória!”.

Texto organizado por Luiz Carlos kanigoski

“Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo, vadeou uma floresta, lançou uma ponte, construiu uma máquina, dirigiu uma fábrica, compôs uma estrofe, pintou um quadro, esculpiu uma estátua, redigiu uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou uma injustiça, educou um sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore”. (MARTINS, Romário in: Trindade e Andreazza, 2001, pg 91).

Retirado de : 

REZENDE, Cláudio Joaquim (Organizador). Paraná espaço e memória: diversos olhares histórico-geográficos. Curitiba: Editora Bagozzi, 2005.